Advogada de imigração na Flórida, Ingrid Domingues McConville completa 27 anos de carreira. Em entrevista ao Gazeta News, ela falou sobre sua trajetória, o sentimento de ajudar a legalizar milhares de conterrâneos e outros imigrantes e os casos que mais a marcaram.
“A minha história se mistura um pouco com a história do Gazeta News. Há 27 anos comecei minha carreira na Flórida. Toda minha vida escolar eu fiz aqui nos Estados Unidos, moro há 57 anos aqui. Desde o jardim de infância, ensino médio e faculdade. A minha carreira em si começou como promotora de uma cidade pequena em Ohio, onde eu fiz a faculdade de Direito e iniciei minha carreira legal, representando, ajudando mulheres que eram vítimas de violência doméstica. Foi nesse período que realmente começou a intensificar o meu interesse com a imigração. Porque muitas mulheres eram imigrantes e estavam sofrendo nas mãos dos maridos sem saber o que fazer, sem saída. Esse foi o comecinho da minha carreira que eu tive o gosto de tentar explorar a área de imigração. Depois vim para a Flórida, que é onde meu marido e eu já morávamos, mas por causa da transferência dele, passamos sete anos em Ohio”.
“Quando cheguei de volta na Flórida, não conhecia muitas pessoas na área de direito. Porque geralmente a gente faz contatos na área profissional na faculdade e como fiz o curso em Ohio, os meus contatos eram todos lá. Foi até que eu conheci uma pessoa especial, o Zigomar Vuelma, em 1995, quando eu estava abrindo o meu escritório. Após uma conversa bem rápida, no local onde ele acabara de abrir o Gazeta, que na época estava começando também, foi quando eu coloquei o meu primeiro anúncio. Pequeno, mas que me rendeu muitos clientes e amigos.
Desde então, vim crescendo, sempre com o apoio do GN. Foi quando minha carreira começou mesmo a se expandir aqui na Flórida. Na época, meus serviços não eram todos na área de imigração, continuei sendo promotora de uma cidade e, paralelamente, comecei a me envolver mais e mais na área de imigração, representando a comunidade brasileira aqui que não era tão grande como hoje. Comecei pouco a pouco, ficando mais conhecida junto com o GN. Assim foi crescendo meu escritório, era só eu na época, não tinha nem assistente.
Consegui crescer batalhando e com suporte da família e amigos. Hoje, graças a Deus, após 27 anos, posso dizer que tenho uma carreira muito bonita, muito boa. Atualmente, conto com uma equipe de oito pessoas, sempre crescendo. Daqui para a frente temos muitos anos ainda porque minha carreira nem está perto de terminar. Amo meu trabalho, quero continuar servindo a comunidade por muitos anos ainda".
Em 27 anos, o que mais me interessou foi tornar o sonho de tantas pessoas em realidade. Não cheguei a contabilizar os processos, mas durante esses anos, acho que foram milhares de famílias, de pessoas, de empresas, que eu pude ajudar de alguma forma.
O interessante é estar dentro da comunidade brasileira da Flórida, mas também ajudar pessoas de outras nacionalidades. Tenho clientes do mundo inteiro, da América do Sul, América Central, Canadá, muitos países da Europa, Austrália, África do Sul, Nova Zelândia, etc. Posso dizer que o escritório é global, onde atendo clientes em qualquer parte do mundo. E de toda parte dos EUA também. Tenho clientes em quase todos os estados.
Acho muito importante o meu trabalho, amo o que faço, acho que a comunidade brasileira sempre teve uma carência de informação correta, verídica, e nesses 27 anos, tenho proporcionado a meus clientes informações verídicas. Sempre digo aos meus clientes aquilo que eles precisam ouvir, não o que eles querem ouvir. Acho que todo mundo quer ouvir coisa boa, mas o mais importante é ouvir aquilo que você precisa ouvir. A verdade, a realidade, para a pessoa poder entrar e caminhar numa jornada de imigração sabendo qual vai ser o caminho e sem ter que tropeçar no meio do caminho com algo ruim.
"Casos marcantes foram vários, mas um deles que me marca até hoje, talvez por ter sido no início da minha carreira, são casos de violência doméstica, não só mulheres, mas homens também, mas a maioria são mulheres imigrantes que são casadas com cidadão americano e sofrem um tremendo abuso não só emocional, mas físico também. E são casos muito especiais para mim. Foram milhares deles. Mulheres que conseguiram sua legalização por causa de sofrimento nas mãos de um cidadão ou cidadã americano.
Isso sempre marcou a minha carreira e continua marcando. Outros casos que mais me marcaram também foram de pessoas que estavam morando aqui nos EUA há muitos anos numa situação irregular e que consegui levá-los perante o juiz para poder contar a história deles. Consegui legalizá-los após muitos anos vivendo ilegalmente. Casos também de jovens que chegam aqui sem saber qual vai ser o rumo da sua carreira e que conseguem estudar, conseguem uma oferta de trabalho. Todos os casos são marcantes, mas alguns têm as suas peculiaridades. Lembro de todos os casos, todos os clientes que passaram na minha vida. Todos foram muito importantes para mim."
Espero ter muitos anos ainda pela frente, não tenho planos de parar de trabalhar. Não considero que faço um trabalho, considero que faço uma contribuição para a comunidade brasileira e comunidades de imigrantes de outros países. Realmente, a minha função primordial e mais importante, além de ser advogada, é fornecer informações corretas, abrir as portas e mostrar o caminho correto para as pessoas.
Quero ressaltar que o meu diferencial e da minha equipe é que os meus clientes sempre conseguem falar diretamente comigo. Sempre terão a atenção necessária, estou sempre acessível e disposta a ajudá-los.
Quero agradecer aos clientes pela confiança, aos amigos, família, e especialmente ao Gazeta News pelo apoio durante todos esses anos. Considero o GN uma parte íntegra e muito importante da minha carreira.
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