Uma investigação da Polícia Federal (PF), em parceria com a Agência de Investigações de Segurança Interna (Homeland Security Investigations – HSI) da Embaixada dos Estados Unidos em Brasília, descobriu que um grupo de criminosos lucrou R$ 16,5 milhões entre 2017 e 2021 transportando ilegalmente brasileiros para os EUA.
A investigação faz parte da operação Yankee, deflagrada na segunda-feira (13). O objetivo é combater os crimes de organização criminosa, contrabando de migrantes e lavagem de dinheiro.
Segundo a PF, além da atuação em Rondônia, a investigação descobriu que a organização criminosa contava com membros em outras unidades da federação e, inclusive, em território americano, responsáveis por receber aqueles que conseguiam cruzar as fronteiras de forma ilegal.
Por outro lado, mesmo com o pagamento dos valores cobrados, muitos desses migrantes não conseguiram cruzar a fronteira do México com os Estados Unidos, sendo detidos e deportados para o Brasil.
Em setembro de 2021, uma brasileira de 49 anos, de Rondônia, morreu durante a travessia após ter sido abandonada.
Em dezembro do mesmo ano, outro caso chocou as autoridades brasileiras. Uma brasileira foi resgatada após ter sido deixada à beira da morte por um grupo de coiotes, que a atacaram, roubaram e violentaram.
Até o momento, a PF identificou 444 pessoas que foram contrabandeadas entre 2019 e 2022.
Com autorização judicial, a Polícia Federal obteve, através da quebra dos sigilos dos investigados, comprovações da atuação do grupo e os ganhos financeiros obtidos com a promoção ilegal da migração.
As denúncias apontam que eles cobravam altos valores pelo auxílio na viagem, com a transferência de veículos e imóveis para os investigados e até mesmo com a emissão de notas promissórias.
A investigação foi iniciada em junho de 2021, a partir de informações encaminhadas pelo Oficialato de Ligação da Polícia Federal em El Paso/Texas-EUA, noticiando a identificação de brasileiros vinculados ao estado de Rondônia e envolvidos em esquema ilícito de contrabando de pessoas com destino aos Estados Unidos, por intermédio de organização criminosa sediada neste estado.
A partir do recebimento das informações, a Polícia Federal passou a monitorar os alvos e uma empresa aérea pertencente ao grupo, responsável por toda a logística de emissão de passaporte, compra de passagens e auxílio nos voos dos migrantes com destino ao México, de onde atravessam a pé para os Estados Unidos.
Foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão, em Rondônia, Amazonas, Tocantins e Goiás, além da prisão preventiva de cinco investigados e a prisão domiciliar de uma pessoa.
A Justiça autorizou a inclusão dos mandados de prisão na Difusão Vermelha da Interpol, visando o cumprimento também nos Estados Unidos, além do bloqueio de mais de R$ 8 milhões.
Os suspeitos ficarão à disposição da Justiça Federal e responderão pelos crimes de organização criminosa, contrabando de migrantes e lavagem de dinheiro, cujas penas somadas podem ultrapassar 23 anos de reclusão.
Veja o comunicado da PF sobre a operação.