A nova proposta de lei fiscal do presidente Donald Trump, aprovada pela Câmara dos Representantes dos EUA, prevê uma taxa de 3,5% sobre remessas de dinheiro enviadas por pessoas que não são cidadãs ou nacionais norte-americanas. A medida faz parte de uma estratégia mais ampla para desencorajar a imigração ilegal e facilitar a deportação de cerca de 11 milhões de imigrantes indocumentados que vivem atualmente no país.
Os EUA lideram o ranking mundial de envio de remessas, com mais de US$ 656 bilhões transferidos em 2023, segundo o Banco Mundial. Especialistas alertam que a nova taxa pode prejudicar, principalmente, famílias de baixa renda na América Central — como El Salvador, Guatemala e Honduras —, países onde as remessas representam mais de 20% do PIB.
Com o aumento nos custos das remessas, muitos imigrantes podem recorrer a alternativas ilegais ou informais, como pedir a amigos cidadãos para enviar o dinheiro, usar criptomoedas ou contratar “mulas” que transportam valores em espécie. A medida, segundo Andrew Selee, do Migration Policy Institute, se traduz em "um imposto sobre os muito pobres".
O México, maior beneficiário das remessas americanas, com US$ 65 bilhões em 2023, já reagiu à medida. A presidente Claudia Sheinbaum classificou a taxa como discriminatória e enviou parlamentares para negociar com autoridades dos EUA. Apesar disso, especialistas acreditam que o impacto sobre os mexicanos será menor do que sobre os centro-americanos, que são mais vulneráveis economicamente e, em sua maioria, indocumentados.
Economistas afirmam que o impacto da nova taxa pode ser difícil de mensurar. Questões como desaceleração econômica, antecipação de envios e possíveis deportações em massa também influenciam. Para Ricardo Barrientos, do Instituto Centro-Americano de Estudos Fiscais, o envio de dinheiro continuará enquanto o migrante permanecer nos EUA: “é a tábua de salvação dessas famílias”, declarou.
Fonte: Financial Times