O diretor interino do ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas dos EUA), Todd Lyons, afirmou em entrevista que a agência vai deter qualquer pessoa encontrada em situação ilegal no país — mesmo aquelas sem histórico criminal. A nova diretriz marca um rompimento definitivo com a política da administração anterior, que priorizava apenas imigrantes com antecedentes graves.
Lyons explicou que os agentes da imigração irão continuar focando nos “piores dos piores”, como ele classificou os imigrantes com ficha criminal, mas deixou claro que qualquer pessoa em situação irregular poderá ser presa durante operações de fiscalização. A prática, conhecida como “prisões colaterais”, havia sido praticamente suspensa sob o governo Biden.
Segundo Lyons, a falta de cooperação por parte de estados e cidades com políticas de “santuário” — que restringem o compartilhamento de informações com o ICE — obriga os agentes a realizarem prisões diretamente nas comunidades. “Preferiríamos prender quem já está detido por ameaçar a segurança pública, mas como não recebemos esses indivíduos, temos que ir até as ruas”, disse.
A nova fase da repressão à imigração ilegal faz parte da promessa de campanha de Donald Trump. Desde que reassumiu a presidência, ele ampliou o mandato do ICE e destinou bilhões de dólares à agência. Com isso, Lyons afirma ser possível alcançar a meta de **1 milhão de deportações por ano**. Nos primeiros seis meses de governo, cerca de 150 mil pessoas já foram deportadas, muitas por infrações migratórias e de trânsito.
Outra frente de atuação retomada pela administração é a repressão em locais de trabalho. Nos últimos meses, o ICE prendeu centenas de imigrantes em situação irregular em frigoríficos, fazendas de cannabis e até pistas de corrida. Em uma dessas operações, mais de 300 pessoas foram detidas, incluindo 10 menores de idade.
Apesar de críticas da indústria — especialmente do setor agrícola —, Lyons garantiu que as ações continuarão. Ele destacou que o foco não será apenas os trabalhadores, mas também as empresas que contratam mão de obra ilegal. Segundo o diretor, essas investigações revelam frequentemente casos de tráfico de pessoas e trabalho forçado.
“Vamos responsabilizar totalmente os empregadores que exploram imigrantes”, afirmou Lyons. “Não é um crime sem vítimas. Muitos vieram ao país buscando uma vida melhor e acabam sendo explorados.”
Fonte: CBS

