Lucas, de 23 anos, procurou por uma agência de intercâmbio em Ipanema e tomou conhecimento do visto J-1, dado a estrangeiros inscritos em um programa de intercâmbio que envolve experiência de trabalho nos Estados Unidos. Ele fez uma entrevista com um empregador por Skype e, em janeiro, embarcou para o Arizona, com o intuito de aprender inglês e trabalhar. “Acontece que quando cheguei para trabalhar a coisa não era nem perto do que eu esperava”.
Lucas concordou em trabalhar 40 horas por semana em um resort em Nevada, chamado Aquarius Casino Resort, e vivia em Bullhead, no Arizona, na divisa entre os dois estados. Ele trabalharia por dois meses e viajaria um mês. “Acontece que eu só trabalhava com mexicanos no Arizona, então meu espanhol ficou muito melhor do que o inglês”, relata. “Depois, quando fui trabalhar, em vez de 40 horas, deram-me 28 horas na primeira semana, e na segunda eu mal trabalhei. A intenção era eu me sustentar com o dinheiro que ganhasse, mas não foi bem assim”. Lucas precisou gastar dinheiro de sua poupança para manter-se.
Esse foi apenas o início da frustração, segundo o carioca. Ele conta que seu supervisor no hotel em que trabalhava como “housekeeper” desarrumava tudo depois que ele limpava. “Eu filmei, tirei fotos, pois eles jogavam o lixo no chão, dizendo que eu não havia feito o trabalho direito”, disse Lucas. “Até as gorjetas deixadas para mim, por hóspedes, eram pegas. Eu encontrava somente o bilhete agradecendo. Foi muita humilhação”.
Lucas pagou mais de R$ 10 mil pelo pacote comprado com a agência World Study, incluindo as passagens para os Estados Unidos, mas diz que se arrepende. Gastando dinheiro do próprio bolso, o carioca relata que chegou a um ponto em que acabou indo morar com funcionários do hotel, que o acolheram. “Eu comia um hambúrguer por dia e agora descobri que estou com anemia”.
Agência responde
Lucas entrou em contato com a agência, que lhe ofereceu transferência para Massachusetts. “Mas isso me custaria mais $1,2 mil dólares e eu não tinha mais dinheiro”, disse Lucas.Contatada pela redação do GAZETA, a supervisora da agência World Study explicou que o visto J1 é dado para alunos matriculados em instituições de ensino. No caso de Lucas, ele já havia se formado, mas ainda tem que fazer sua monografia, o que demonstra vínculo para o consulado. “O programa não é para quem quer aprender inglês, mas para quem quer ter a experiência de trabalhar nos EUA ou em outro país”, disse Isabel Bastos. “O aluno pode estudar também até 18 horas por semana, mas o importante é cumprir o contrato com o empregador através do qual o visto foi emitido”.
No caso de Lucas, ela explica que a agência ofereceu a troca de cidade, mas ele não quis. Segundo a supervisora, seu programa terminou em 15 de março e ele tinha até 15 de abril para deixar o país ou tentar mudar o visto, mas não há como estender este programa no qual ele estava.
Flórida
Com amigos na Flórida, o carioca foi acolhido em Fort Lauderdale, onde está hospedado e procurou uma advogada para mudar seu visto para o de estudante. Lucas não desistiu da meta de aprender inglês.
