Professores temem que novo governador coloque as escolas em caminho mais conservador
Uma lei recentemente aprovada na Flórida está fazendo do estado um modelo para aqueles que veem um suposto domínio das instituições de ensino por elites liberais. Agora, famílias podem questionar como as matérias estão sendo ensinadas em escolas públicas do estado.
Esse movimento, encabeçado por grupos conservadores, voltou a ganhar destaque desde 2017 com a aprovação da lei HB989 na Flórida que garante não apenas a pais de alunos, mas a qualquer morador de um dos 67 distritos escolares do Estado, o direito de contestar o material didático usado em escolas públicas.
Isso significa que qualquer pessoa, mesmo que não tenha filhos em idade escolar nem conhecimento sobre a disciplina em questão, pode contestar livros, listas de leituras, DVDs e itens na biblioteca da escola.
Críticos da lei, incluindo a ACLU da Flórida e Florida Library Association, dizem que a lei dá muito espaço para que grupos com motivações ideológicas influenciem em temas sendo ensinados. Isso inclui tópicos como a mudança climática ou a evolução das espécies.
Já os grupos a favor da lei argumentam que isso dá a qualquer residente a oportunidade de participar no currículo ensinado em escolas públicas. O Florida Citizens’ Alliance, um grupo conservador que pressionou pela aprovação da lei, diz que agora é possível evitar conteúdos tendenciosos em livros didáticos.
Em depoimentos de apoiadores da lei da Flórida durante a tramitação, uma reclamação comum era a de que aquecimento global é ensinado como “realidade” e que os estudantes aprendem sobre evolução, mas não sobre criacionismo.
Mas outros temas também são citados, entre eles discussões sobre gênero, a maneira como determinados períodos históricos são ensinados e material descrito como pornográfico.
“O que defendemos é a liberdade de todos terem oportunidade de fazer parte da discussão. Temos de respeitar os pais e não permitir que as escolas doutrinem as crianças de uma maneira que vai contra as convicções dos pais”, afirma pastor Rick Stevens, um dos diretores da Florida Citizens Alliance.
Mas a lei foi recebida com apreensão, especialmente por parte de professores e cientistas, que temem um impacto negativo principalmente em disciplinas relacionadas a Ciências.
Novos desafios?

