Uma ligação entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e uma das organizações que atuam na máfia italiana, a N’Drangheta, está sendo apontada pelo Ministério Público Federal (MPF), após investigação. O grupo, formado por mais de 50 membros, se associava para transportar cocaína da Bolívia para a Europa.
A droga passava pelo porto de Santos e seguia para a Espanha, Holanda e Itália. A base da ação, segundo a procuradoria, seria a região de Calábria, que fica na península italiana. Para efetuar os pagamentos, a quadrilha usava uma empresa offshore com sede no Uruguai.
A ligação entre o PCC e a máfia italiana vinha sendo monitorada desde o ano passado. Interceptações de mensagens de texto revelam o contato entre os membros do grupo com um homem chamado Dido, que seria o contato da N’Drangheta no Brasil. Nas trocas de mensagens, eles enviavam fotografias dos lacres dos contêineres que transportariam a droga.
Relatórios de inteligência da Polícia Federal revelaram diálogos de Dido com pessoas que trabalhavam no embarque da droga, em Santos. A cocaína saia da Bolívia e era estocada em São Paulo até o embarque pelo porto de Santos. Entre os envolvidos, no Brasil, está um dos principais líderes do PCC na Baixada Santista, que atua como encarregado de recolher as mensalidades da facção. A conexão entre os dois grupos começou a ser descoberta a partir da Operação Oversea, deflagrada no fim março. Na ocasião, três pessoas foram presas em flagrante transportando 56 quilos de cocaína da Bolívia que seria transportada para a Europa. Com o grupo também haviam sido apreendidos 230 mil euros.