As pesquisas estavam certas, Lula garantiu seu segundo mandato com grande folga, a emergente lideranças que Geraldo Alckmin ameaçava representar, foi contida e nada melhor do que fazer uma reflexão que tem muito a ver com nós, brasileiros, que vivemos no exterior.
Por uma infinidade de razões, os quatro primeiros anos de governo Lula foram controversos. No âmbito da política brasileira podem ser considerados quatro anos marcados por avanços sociais, mas também por inacreditáveis escândalos que (quase) desmontam a máquina petista e o próprio projeto do presidente.
Entretanto, quase ninguém se debruçou sobre a palpável diferença que representaram esses quatro anos quando se analisa a questão dos imigrantes brasileiros.
Vivendo há mais de 16 anos nos Estados Unidos como jornalista e produtor atuante na comunidade brasileira, testemunhei a passagem de quatro governos. E posso atestar que a atitude do governo brasileiro, do próprio Itamaraty, com relação aos imigrantes, mudou da água para o vinho.
Evidentemente que ninguém vai aqui dizer que as condições de atendimento e tratamento dos brasileiros em todom o mundo, são ideais. Mas estão bem próximas disso. Aqui nos Estados Unidos, onde vivem mais de 60% de todos os brasileiros que saíram do país, as condições foram melhoradas de tal forma que se estabelecermos um paralelo entre o que é feito hoje e o que era feito há 5, 6 anos atrás, o abismo é evidente.
Mais importante que as melhorias físicas dos consulados, a modernização tecnológia, contratação e alocação de funcionários, o que mudou de forma sensível foi a “atitude” do Ministério das Relações Exteriores e do próprio Palácio do Planalto, em relação a esses brasileiros que, por terem saído do país em busca de uma vida melhor, não deixam de ser brasileiros, com plenos direitos, da mesma forma que os que seguem vivendo no país.
Antes, mesmo no governo auto-roclamado “social democrata” de Fernando Henrique Cardoso, Brasília virava literalmente as costas para o imigrante brasileiro.
Lula foi o primeiro presidente do Brasil ao abrir espaço em sua agenda de visita aos Estados Unidos para ouvir representantes da comunidade imigrante brasileira.
Vários ministros de seu governo passaram a dar atenção às atividades dos imigrantes e os Ministérios da Cultura e o Itamaraty foram os que mais claramente materializaram essa nova política.
O que se pode esperar neste segundo mandato é que haja uma ampliação desse interesse e envolvimento de Lula com os imigrantes, fazendo com que o governo brasileiro possa se manifestar mais diretamente ao governo norte-amewricano, em favor das causas que são objeto de luta de todos os imigrantes ilegais que vivem nos Estados Unidos.
Não quye tenhamos iluões quanto ao “poder de fogo” de quaisquer reinvindicações desse gênero, especialmente feitas por um país que até bem pouco tempo não representava muito em termos de peso imigratório no território norte-americano.
Mas a realidade da imigração brasileira tem mudado dramaticamente e hoje, são os pr’
Próprios oficiais do governo em Washington que admitem existam cerca de 600 a 700 mil ilegais brasileiros no país. Essa é uma população inteira de uma cidade média do Brasil.
Outra idéia que gostaríamos tomasse força dentro do governo Lula seria reproduzirmos o que já é feito em diversos países que possuem grandes comunidades vivendo fora de seu território. A criação dos Deputados Federais do exterior, eleitos pelos imigrantes para representá-los no Congresso Nacional.
Esses deputados seriam eleitos de acordo com o número de eleitores legalmente registrados nos consulados e embaixadas do Brasil.
Seria uma enorme conquista, já que permitiria a qualquer brasileiro residente no exterior, votar e ser votado dentro do processo político e dem ocrático do país.
Com isso, o abismo que ainda existe entre a realidade dos imigrantes brasileiros e a imagem que se tem do que é a nossa vida, a partir do Brasil, seria claramente reduzido.
O Brasil e todos os brasileiros têm fé nas itenções de Lula. Sua vitória provou que, o povo lhe deu um “puxão de orelha” no Primeiro Turno, mas definitivamente o escolheu como a melhor opção no Segundo Turno.
Para nós, imigrantes brasileiros, a julgar pelos progressos gerados pelo primeiro governo de Lula no âmbito do Itamaraty, a esperança é de que sejuamos vistos de uma forma mais séria e objetiva, sensata e consequente.
E que nossos laços passem a ser uma via de mão dupla, construtiva. E não apenas marcada pela saudade que temos de casa e pelos bilhões de dólares que enviamos ao nosso país, todos os anos.