A passagem do candidato à reeleição à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT/PCdoB/PRB), pelo Maranhão e Piauí foi marcada por críticas às elites, promessas de investimentos na região Nordeste e agradecimentos públicos aos senadores José Sarney (PMDB-AP) e Roseana Sarney (PFL-MA).
Na cidade maranhense de Timon, separada por uma ponte de Teresina, no Piauí, nem o calor de quase 40ºC, nem a necessidade de passar horas sob o sol forte tiraram o ânimo das milhares de pessoas que foram participar do comício.
Candidata a ocupar pela terceira vez o governo do Maranhão, Roseana prometeu empenho para que o estado aumente o percentual de votos dados a Lula. No primeiro turno, o petista atingiu 75,5% dos votos válidos no Maranhão.
O apoio a Lula acabou colocando a pefelista em rota de colisão com o próprio partido, que nacionalmente é coligado com o PSDB de Geraldo Alckmin. A aproximação pode determinar a expulsão de Roseana. “Apesar de todas as pessoas contrárias, continuo a votar em Lula, porque sei que ele é o melhor para o Nordeste”, disse ela hoje, no palanque.
A aliança com Lula é estratégica para a candidata, que disputa o governo com o ex-prefeito de São Luiz Jackson Lago (PDT). Lago tem a seu lado o PSDB, parte do PT e diversos outros partidos de esquerda que, no plano nacional, apóiam Lula. O atual governador, José Reinaldo Tavares (PSB), declarou apoio a Lago.
A rivalidade gerou especulações de que militantes ligados a Lago poderiam provocar brigas para tumultuar o comício, o que levou as autoridades de Timon a pedir reforço no policiamento. O que se viu foram apenas provocações e algumas “guerras de bandeiras” provocadas por grupos de militantes pró-Lago.
Lula discursou por cerca de 15 minutos e elogiou a família Sarney, principalmente ao senador pelo Amapá, que ficou o tempo todo em cima do palanque. “A gente conhece quem é amigo, quando se está na desgraça. Quando é tempo de festa, todo mundo é amigo”, disse o petista.
“A gente sabe o que uma pequena elite, conservadora e raivosa. tentou fazer comigo”, disse Lula. Ele afirmou que essa elite perseguiu presidentes como Getúlio Vargas, Juscelino Kubitscheck e João Goulart. “Eles começaram a fazer o mesmo comigo. Não fizeram, porque eu tive gente do meu lado como a senadora Roseana, além da lealdade do senador Sarney.”
Logo após o evento em Timon, o presidente seguiu para Teresina, onde fez outro comício, na praça Pedro II, no centro da cidade, ao lado do governador Wellington Dias (PT), reeleito em 1o de outubro com 61,68% dos votos. Lula prometeu mais empenho para realizar obras e investimentos para a região, em áreas como o ensino técnico e universitário, por exemplo.
“A gente quer recuperar a grandeza do Nordeste brasileiro. Nós não nascemos para ser pobres nem para passar fome. Nordestino não nasceu para ser apenas pedreiro, quer ser engenheiro. Mulher nordestina não nasceu para ser empregada doméstica, ela quer ser patroa também”, disse. Lula teve 67,2% dos votos no Piauí no primeiro turno.
O evento em Teresina foi o último comício de lula no Nordeste. Amanhã, ele encerra a campanha com ato em São Paulo.
Agência Brasil