Desde que imigrou para os Estados Unidos há 20 anos, Rose Max transferiu seu título de eleitor. Para ela, que cresceu no Brasil durante a ditadura militar, votar é fundamental. “Ao longo da história da humanidade, muitas pessoas morreram para legitimar nosso direito de votar. Não votar é absurdo”, disse. Rose lembra que, nessa época, informar-se sobre os candidatos exigia empenho. “Minhas fontes sobre o Brasil eram as revistas “Veja”, “Isto É”, “O Globo”, “Jornal do Brasil”, que eu comprava semanalmente no Via Brasil, de Miami Beach, ou numa banca de jornal que tinha em Downtown Miami. Meus pais me enviavam recortes de jornais e revistas com coisas que achavam interessantes e relevantes pra mim”.
Agora, Rose diz que a internet facilitou muito a sua proximidade com a política brasileira e para decidir em quem votar.
Nas eleições presidenciais do Brasil, do dia 5 de outubro (e no dia 26, em caso de segundo turno), mais de 354 mil brasileiros votarão do exterior, o que representa um aumento de 76,7% em relação a 2010. Especialistas disseram que, este ano, a internet e, principalmente, as redes sociais, estão sendo fundamentais para que brasileiros tenham acesso a mais informações sobre os candidatos, principalmente em uma época em que o Brasil tem bastante evidência no exterior.
Rose, que vota em Miami, ressalta, no entanto, que mesmo com o excesso de informações, não decidiu qual candidato irá escolher. “Nenhum me agrada”, resume.
Maior interesse
De acordo com o cientista político da Universidade de Brasília, Antônio Flávio Testa, as manifestações de junho de 2013 e a Copa do Mundo no Brasil podem ter estimulado um maior envolvimento do brasileiro que vive no exterior com a política brasileira. “São cidadãos brasileiros. Alguma coisa pode ser feita (pelos políticos) para favorecer seus interesses. Muitos têm parentes e negócios no Brasil”, comenta.Informações divulgadas no final de julho apontam alta do número de brasileiros residentes no exterior aptos a votar neste pleito, na comparação com as últimas eleições federais, em 2010. A quantidade saltou de 200,3 mil para 354,1 mil, um crescimento de 76,7%. Os números foram divulgados pelo Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE), responsável por organizar a votação fora do Brasil com o apoio das representações diplomáticas brasileiras no exterior.
O presidente do TSE, ministro Dias Toffoli, atribuiu a elevação no número de votantes à maior divulgação do voto no exterior e à abertura de consulados. O dado mais recente do Ministério das Relações Exteriores com relação ao total de brasileiros vivendo em comunidades fora do país é de 2012. Naquele ano, mais de 2,5 milhões de cidadãos moravam em território estrangeiro.
Bruno Contipelli, que vive em Miami há 15 anos, votará este ano pela primeira vez. Ele diz que não via sentido em votar no Brasil, mas quando foi renovar seu passaporte, acertou sua situação eleitoral. “Eu não só voto este ano, como me cadastrei para ser mesário”, conta.
Voto obrigatório
O alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para todos os brasileiros, inclusive residentes no exterior. Para os brasileiros que moram fora, a obrigatoriedade ocorre apenas nas eleições para presidente da República.Caso esteja ausente do local de votação ou impedido de comparecer, o cidadão deve justificar sua falta por requerimento ao juiz da Zona Eleitoral no Exterior dentro de 60 dias após cada turno, que pode ser entregue às representações diplomáticas brasileiras ou enviado pelos Correios. Os moradores do exterior que mantiveram seu domicílio eleitoral no Brasil também devem justificar suas ausências às urnas.
Mais de 22 mil brasileiros estão aptos a votar em Miami
Mais de 22 mil brasileiros em Miami estarão aptos a votar nas eleições presidenciais. Na Flórida, urnas serão instaladas no Miami-Dade College, Wolfson Campus (300 NE 2nd Avenue, Miami, FL 33132) onde poderão votar os 22.294 cidadãos brasileiros inscritos na jurisdição do Consulado-Geral.Não haverá urnas em Orlando
Em Orlando, ao contrário do afirmado pelo Consulado, urnas não serão abertas “por razões técnicas e orçamentárias”, segundo informativo do Consulado. Mas os eleitores residentes naquela e em outras cidades poderão votar em Miami, desde que estejam inscritos nas zonas eleitorais da jurisdição do Consulado-Geral.Maioria dos eleitores no exterior está nos EUA
Os EUA lideram a lista dos países com mais eleitores brasileiros: 112.252. O Japão aparece em segundo, com 37.638. Portugal está logo atrás, com 30.910. Itália (21.168) e Alemanha (18.113) completam a lista dos cinco mais. Os eleitores estão em 120 países ao redor do mundo. Serão, ao todo, 1.033 seções eleitorais, organizadas com a ajuda de missões diplomáticas e repartições consulares.Em Miami, número de inscritos mais que dobrou
Os eleitores brasileiros nos EUA estão cadastrados nos consulados de 10 cidades: Miami, com 22.294 eleitores; Nova York, com 21.140; Boston, com 18.181; Houston, com 11.193; Washington, com 10.575; Atlanta, com 7.811; São Francisco, com 7.606; Los Angeles, com 6.222; Chicago, com 4.877; e Hartfort, com 2.253.O total de inscritos em Miami engloba brasileiros que residem na Flórida, Porto Rico e Ilhas Virgens. Em 2010, Miami havia 10.233 inscritos, o que significa que o número mais que dobrou nas eleições que estão por vir. Do total de inscritos em 2010, 4.383 compareceram às urnas.
Retirada de Títulos Eleitorais
O Consulado-Geral informa, no entanto, que mais de 15 mil títulos eleitorais ainda se encontram disponíveis para retirada na sede da repartição (80 SW 8th Street, suíte 2600, Miami, FL 33130). Alguns desses títulos estão lá desde 1994.O Consulado recomenda que os eleitores retirem o documento com antecedência. Além de poderem retirar na sede, eleitores podem retirá-los nas missões itinerantes, mediante pedido prévio do interessado pelo e-mail: “[email protected]”.
Para conferir se seu título está disponível para retirada, acesse o site: miami.itamaraty.gov.br/pt-br.
Com informações da “Agência Brasil”.