O senador pelo estado do Arizona John McCain é o candidato do Partido Republicano à presidência dos Estados Unidos. McCain assegurou a indicação na madrugada de quarta-feira(5), ao vencer as primárias de Ohio, Texas, Vermont e Rhode Island, superando assim o número de delegados necessário para concorrer à Casa Branca.
A vaga estava praticamente nas mãos de McCain desde que ele saiu vitorioso da Superterça no início de fevereiro. Após a divulgação das primeiras projeções da prévia do Texas, o rival republicano Mike Huckabee anunciou a desistência de sua candidatura. Ali, o ex-governador do Arkansas e ex-pastor batista declarou o seu total apoio à candidatura de McCain.
Confiante, o senador celebrou, e disse estar pronto para a disputa do segundo semestre, seja ela contra Barack Obama ou Hillary Clinton. “A maior batalha ainda está por vir”, lembrou McCain em Dallas, no Texas.
“Se ele quer que eu venha, é o que farei, se não quer o meu apoio, é o que farei, o que ele me pedir é o que farei”, garantiu Bush, ao lado de McCain, nos degraus da Casa Branca. O Presidente elogiou o “carácter, a coragem e a perseverança” do senador, que derrotou nas primárias republicanas de 2000.
No passado, McCain acusou Bush, em sua campanha, de lançar boatos sobre uma filha ilegítima do senador do Arizona. Desta vez, Bush sublinhou as qualidades do antigo adversário. “[McCain] trará determinação para derrotar um inimigo”, disse Bush numa conferência de imprensa transmitida pela CNN.
A grande noite de McCain só não foi maior por que acabou ofuscada pelas vitórias de Hillary no Partido Democrata, onde a disputa bastante acirrada tem recebido mais interesse do público e da imprensa americana.
Perfil
O senador John McCain, que na terça-feira(4) assegurou sua candidatura à Casa Branca em novembro, é, acima de tudo, um sobrevivente - chega à vitória oito anos depois da primeira tentativa, e décadas depois de driblar a morte na guerra do Vietnã.
McCain, um homem que ri com a mesma facilidade com que se irrita, carrega no corpo as cicatrizes do conflito armado, em que foi piloto da Marinha, e das guerras políticas de Washington, das quais participa como senador pelo Arizona.
Nunca alguém com a idade dele, 71 anos, foi eleito para um primeiro mandato presidencial nos EUA. McCain é também um sobrevivente do câncer - extraiu dois melanomas malignos em 2000.
As pesquisas inicialmente, o colocam em boa posição para disputar a eleição ge-ral contra Barack Obama ou Hillary Clinton. Isso se deve em parte à estratégia de atrair eleitores independentes e moderados, em vez de depender exclusivamente da ala mais à direita do Partido Republicano.
Durante a campanha, ele costuma viajar acompanhado da esposa, Cindy, e se vale repetidamente de um repertório de piadas antigas - do tipo: “O Arizona é tão seco que as árvores perseguem os cães.”
Considerado um “falcão” em questões militares, McCain foi presidente da Comissão de Serviços Armados do Senado quando os republicanos controlavam a Casa, até a eleição parlamentar de 2006, e, atualmente,s é um dos líderes da bancada minoritária.
Apelidado por alguns colegas de “senador Cabeça-Quente”, McCain pode perder as estribeiras facilmente, como ocorreu em maio, quando ele e o colega de bancada John Cornyn discutiram por causa de um projeto a respeito da imigração clandestina.
“Vá ...! Sei mais disso do que qualquer um nesta sala”, teria gritado.
McCain a Cornyn.
McCain também usa o Senado para defender a permanência das tropas dos EUA no Iraque, e arriscou sua carreira política apostando que o conflito poderia ter resultado positivo para Washington. “Prefiro perder uma eleição a perder uma guerra”, afirmou certa vez. Ao mesmo tempo, faz críticas freqüentes à estratégia do governo Bush no Iraque, atribuindo os erros principalmente ao ex-secretário de Defesa Donald Rumsfeld.
Suas posições a respeito da guerra e a favor da legalização de milhões de imigrantes clandestinos quase acabaram com a sua pré-candidatura há cerca de seis meses. McCain então demitiu assessores e concentrou sua campanha em New Hampshire. Uma vitória nesse Estado lhe deu impulso para superar nas disputas seguintes vários adversários mais fornidos de dinheiro.
Sua recuperação foi ajudada pelo fato de manter uma relação amistosa com a imprensa, alimentada por longos bate-papos a bordo do “Expresso da Conversa Direta”, o seu ônibus de campanha. Ali os repórteres descobriram, por exemplo, que McCain é profundamente supersticioso e sempre carrega uma moeda da sorte no seu bolso.
Entre as críticas que faz ao governo Bush, uma das maiores é em sua insistência contra a tortura a militantes capturados na “guerra ao terrorismo”. Há muito de experiência própria nessa postura do senador, já que ele próprio foi torturado durante os cinco anos que passou no “Hanoi Hilton”, o apelido irônico dado à celebre prisão para presos de guerra no Vietnã.

