A Harvard University aprovou, em 2016, 2.037 alunos, dos quais 212 são estrangeiros. Este ano, pelo menos dois desses estrangeiros são brasileiros da rede pública de ensino
Arthur de Oliveira Abrantes e Walquíria Lajoia Garcia, ambos de 18 anos, ficaram sabendo do resultado no dia 31 de março e foram aceitos também por outras instituições. Eles têm até 1º de maio para decidir em qual delas vão se matricular.
Os dois foram alunos de colégios públicos: Arthur concluiu o ensino médio no Instituto Federal do Triângulo Mineiro, enquanto Walquíria concluiu seus estudos em colégios militares no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul e em Brasília.
Mineiro aprendeu inglês sozinho
Nascido na cidade mineira de Paracatu, Arthur começou a sonhar estudar no exterior há quatro anos, depois que ele viu na TV a história de uma brasileira que foi aprovada para estudar em Harvard.
Como não falava inglês e nem tinha dinheiro para se matricular em uma escola de idiomas, Abrante estudou em casa. Em três anos ele ficou fluente na língua. Além do inglês, o jovem também se dedicou as atividades extracurriculares no Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM).
Lá, ele fez teatro, iniciação científica, foi monitor de Química, participou do grupo de Robótica e fez parte do time de handball. O mineiro ainda arrumou tempo para dar aulas particulares de Química, Física e Matemática, e ainda fundou um projeto social chamado "Teach me", para ensinar inglês para crianças do bairro. No decorrer da trajetória, ele faturou medalhas nas olimpíadas de astronomia e robótica.
Além da Harvard, Arthur também foi selecionado para ingressar na Stanford, Amherst College, Tufts, Wesleyan, Lafayette e Evansville.
Foco mesmo com mudanças constantes
Filha de militar, a trajetória de Walquíria Lajoia Garcia, nascida no Rio de Janeiro, sempre foi marcada por mudanças. Ao longo dos seus 18 anos, a estudante já morou em seis cidades. Aproximadamente a cada dois anos, a família de Walquíria migra para um novo endereço. A estudante acredita que, além de suas excelentes notas, as constantes trocas de ambiente, idiomas e vivências foram fatores valorizados durante o processo seletivo da faculdade norte-americana.
Durante sua trajetória “nomâde”, Walquíria estudou tanto na rede pública de ensino quanto na particular. Do 8° ano ao 3° ano do ensino médio, ela passou pelo Colégio Militar do Rio de Janeiro, de Santa Maria e de Brasília, sendo o último onde a estudante se formou.
Além de Harvard, Walquíria foi aceita em Yale e outras três instituições norte-americanas. No momento, ela aguarda os resultados das bolsas de estudo para decidir em qual faculdade deve ingressar. “Meu pai é militar e minha mãe formada em direito, mas parou de trabalhar por causa das transferências constantes. Por isso, não tenho como custear o preço de uma faculdade fora e, definitivamente, conto com a ajuda da bolsa”, disse.
Walquíria não chegou a prestar para faculdades brasileiras, pois, quando iria fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), seu pai foi chamado para uma missão militar no Alabama, que fica na região Sudeste dos Estados Unidos, onde viveu um ano. Foi lá que a estudante teve a oportunidade de fazer um “test-drive” de como será a experiência fora do país e aprovou.
Ela conta que sempre gostou de história e geografia e, por questão de afinidade, pretende cursar relações internacionais, política ou ciências sociais. Fonte: G1 e Hoje em Dia.

