O brasileiro Eduardo Resende, de 35 anos, saiu na noite do dia 22, em Orlando, voltou para casa, foi dormir e não acordou mais. Sua ex-esposa, Katia Resende, de 33 anos, que mora na região do MetroWest, em Orlando, disse o motivo aparente de sua morte foi a mistura de antidepressivo, álcool, energético e um medicamento chamado Cialis, indicado para problemas de ereção.
“Eu quis contar a história dele para que sua morte não seja em vão, pois muita gente mistura medicamento com bebida alcoólica e acha que nada vai acontecer, mas acontece”, disse Katia, que havia se separado de Eduardo, natural de Uberaba, há um mês. “Ele sofria de depressão, já tinha ido ao Brasil fazer tratamento e estava indo de novo em dezembro, mas não acredito que tenha sido um caso de suicídio. Ele cometeu esse erro que muitos cometem achando que não acontece nada”.
Segundo Katia, o laudo médico ainda não saiu confirmando a causa da morte de Eduardo, mas tudo indica que ele tenha sofrido uma parada cardíaca enquanto dormia no quarto da casa, onde estava morando desde a separação.
“Eu vivo aqui há 19 anos e tenho me assustado sempre que vou a festas”, revela a paulistana. “Vejo muita gente, incluindo muitos brasileiros, usando drogas como a ‘Molly’ e misturando medicamentos dizendo que ‘não dá em nada’. E essas festas são de pessoas com mais de 30 anos, não é moda de adolescente”.
Eduardo era de Minas Gerais e Katia está cuidando dos detalhes para que seu corpo seja cremado. “Estou organizando também uma missa de sétimo dia”, disse ela, que estava casada com Eduardo há mais ou menos três anos, mas o conhecia desde os 15 anos de idade. “A depressão dele acabou sendo o motivo de nossa separação”.
Autoridades de Orlando preocupam-se com casos envolvendo a droga Molly
Em setembro deste ano, o jornal “Orlando Sentinel” publicou uma matéria falando da popularidade da droga Molly, como a “droga de escolha de universitários, jovens adultos e suburbanos em todo o país”, diz o artigo.
Na Flórida Central, autoridades federais estão preocupadas pois estão vendo uma grande quantidade de Molly sendo importada da China e outros países, mas não está saindo da região para distribuição em outras áreas do país. “Parece que está ficando aqui, o que indica uma base de usuários”, disse ao “Orlando Sentinel”, Jeff Walsh, agente especial assistente do DEA (Drug Enforcement Agency) em Orlando. Há pouco mais de um ano, a agência tinha poucos casos em Orlando, e agora esse número teve um aumento significativo, embora o agente não tenha sido capaz de especificar quantos.
Prima do Ecstasy
Molly - gíria para molecular - refere-se à forma pura da droga MDMA, que em forma de pílula é conhecida como Ecstasy . Usuários pensam que Molly é uma alternativa mais segura para o êxtase, pois é comercializado como MDMA puro e acredita-se ter menos químicos e causar menos vício. Mas a realidade, na verdade, é outra.Traficantes alteram os componentes de várias drogas, adicionando cocaína, veneno de rato e heroína como componentes, para lucrar mais, o que faz com que usuários não saibam exatamente o que estão ingerindo. Um dos maiores problemas da droga, disse Walsh é que não há consistência com as propriedades químicas da droga.
Na Florida Central University, a polícia está vendo as consequências médicas associadas com a droga, segundo o chefe de polícia, Richard Beary. Oficiais têm visto estudantes que ingeriram os medicamentos fora do campus retornando aos seus dormitórios com problemas médicos graves, como vômito, alucinações e calor excessivo do corpo, disse Beary ao “Orlando Sentinel”.

