Um em cada dez americanos já usou um site de namoro on-line ou aplicativo móvel, sendo que 66% deles já saíram para um encontro com alguém que conheceu pela internet. Desse número, 23% conheceram o atual parceiro através desses sites.
Enquanto a aceitação do público parece cada vez mais positiva em relação ao relacionamento on-line nos últimos anos, a metade dos usuários (54%) disse que já teve experiências negativas. De acordo com um estudo do Pew Research Center, 42% das mulheres tiveram experiências ruins, comparando com 17% dos homens.
Brasileiras não ficam de fora do alvo desses scammers ou pelo menos de pessoas que mentem de alguma forma sobre quem realmente são. Muitas brasileiras relatam terem recebido promessas de amor que terminam em um pedido de empréstimo. E não são somente aqueles que usam sites de relacionamentos que estão vulneráveis a esses scammers. Basta fazer parte de um site de mídia social como o Facebook ou ter um e-mail que essas mensagens encherão sua lixeira.
Perfis parecidos
Os nomes são vários, como Charles Harry, George Harvey, John Lessey Moore, Kelvin Gregs, Be Havi, Richard Silverspoon, Kelvin Davids, mas as histórias que contam são parecidas: viúvo, mora em Londres, a mulher morreu em um acidente de automóvel ou alguma outra tragédia e está em busca de uma companheira. Dez, quinze dias ou mesmo meses depois de trocar mensagens, promessas de amor e confidências, eles contam uma história que, para conseguir retirar uma quantia milionária em algum país pouco conhecido (claro, pois ele era o único herdeiro e sua ex-mulher falecida, filha única) precisa fazer um empréstimo de milhares de dólares (o valor varia de 2 mil a 15 mil, aproximadamente).Por mais que, à primeira vista, essas histórias já sejam um sinal de que algo está errado, muitas brasileiras acabam caindo na conversa da promessa de amor on-line, ou topando trocar mensagens, até que surja o pedido de dinheiro. Enquanto muitas percebem se tratar de algo errado no momento do pedido de dinheiro, elas saem pelo menos com uma decepção amorosa.
Ellen, que não revelou seu sobrenome em mensagem ao GAZETA, contou, em junho de 2013, que recebeu uma mensagem de um homem, pelo Facebook, dizendo que havia gostado de seu perfil. “Em menos de dois meses eu estava envolvida. O papo é realmente muito bonito, maravilhoso, bom demais pra ser verdade! Viúvo, pai de dois filhos (um menino e uma menina), mora com a mãe na Inglaterra, Liverpool. Disse que estava apaixonado e iria ao Brasil só para me conhecer. Mas antes, ele iria à Malásia. Enviou-me um número da Malásia para eu mandar mensagem quando estivesse on-line. Só que, dois dias depois, me mandou uma mensagem dizendo que estava com problemas e precisava falar comigo urgente”.
Foi aí que Ellen percebeu a tentativa de um golpe: ele pediu dinheiro. “Eu não sou boba, disse que não tinha e que nunca fiz transação internacional. Ele disse que precisava muito, eu falei pra ele ligar pra mãe dele”. Depois de insistir e Ellen dar inúmeras alternativas, ele desativou a conta do Facebook. Ela comunicou a polícia sobre o ocorrido. Noili viveu uma história parecida, com promessas de um engenheiro civil escocês que estava na Malásia tentando vender uma casa deixada por seus pais para comprar outra no Brasil para eles. Para isso, ele precisava de $6 mil dólares para pagar os impostos atrasados. “Ele me ameaçou, caso eu não emprestasse o dinheiro a ele, de divulgar as nossas conversas, que por várias vezes foram quentíssimas”, relatou. “Estou entrando em depressão porque sinto muita raiva de mim por ter sido ingênua e caído nesse golpe”. Leila conta que deu corda aos papos com um irlandês com a mesma história do viúvo solitário. “Dei corda, pois minha autoestima estava adorando”, conta. “Mas, de cara, estranhei tanto afeto”.
Até que um dia, depois de tê-la pedido em casamento, ele contou a Leila uma história falando de piratas no mar da Indonésia e que ele precisava de seus dados para enviar o dinheiro e os pertences dele. “Logo em seguida descobri que era uma fraude e daí deixei um recado pra ele no Facebook falando que tinha descoberto tudo. Ele ficou muito bravo, me xingou, etc”. Depois de insistir muito, Leila conta que conseguiu conhecê-lo através da webcam. “Ele era negro, cerca de 30 anos, de poucas palavras e ficava deitado numa cama com um fone de ouvido, dedicando-se a arrebatar corações desavisados. Ele conversou um pouco comigo, disse que fazia isso porque precisava de grana e em seguida disse que não poderia mais conversar comigo através do Facebook e me bloqueou. A carência faz a gente acreditar naquilo que nos convém”.
Estudo
A pesquisa do Pew Research Center, feita desde 2005 e recentemente divulgada, revela que 11% dos usuários de internet americanos (o que representa 9% dos adultos americanos) diz que pessoalmente já usou um site de relacionamento. Até 2008, somente 3% dos americanos disseram já ter usado este tipo de site.O perfil do fraudador
Muita afeição em pouco tempo: muitos fraudadores brincam com a vulnerabilidade da pessoa. Se ele souber que você está procurando por amor, é isso que ele dirá que vai te dar. Se ele estiver declarando sua afeição a você muito cedo, antes mesmo de vocês se conhecerem, tenha cuidado.
Começa contando uma tragédia: Muitos fraudadores dividem uma tragédia com suas vítimas, para se conectar emocionalmente, seja a perda de uma casa, de um familiar, trabalho, cônjuge.
Pedido de empréstimo: Se qualquer pessoa pedir dinheiro em um site de relacionamento, saia fora.
Dicas para um relacionamento on-line mais seguro
Tudo que parece ser bom demais para ser verdade deve ser analisado;
Sempre marque o primeiro encontro em lugares públicos;
Não coloque a pessoa em seu carro logo no primeiro encontro, muito menos em sua casa;
Quando marcar um encontro, não diga como estará vestido. Identifique-se somente depois que ver a pessoa;
Se a pessoa der o nome completo, faça uma pesquisa na internet. Nos Estados Unidos, um “sex ofender” aparece na primeira página do Google. Sites como Spokeo.com, Intelius.com, Peoplefinders.com e mesmo o Facebook podem trazer informações sobre a pessoa.

