Um novo estudo publicado na revista Pediatrics alerta: crianças que ganham smartphones aos 12 anos ou antes têm maior risco de enfrentar problemas de saúde — especialmente relacionados à saúde mental e à obesidade. A pesquisa analisou dados de mais de 10 mil adolescentes nos EUA, participantes do estudo ABCD, considerado o maior acompanhamento de longo prazo sobre desenvolvimento cerebral infantil no país.
Segundo os pesquisadores, 63,6% das crianças avaliadas tinham smartphone, recebidos em média aos 11 anos. Aqueles que ganharam o aparelho mais cedo apresentaram maiores índices de depressão, pior qualidade do sono e maior probabilidade de obesidade. O estudo destaca que os efeitos negativos aumentam quanto mais jovem é a criança ao ter seu primeiro celular.
Os cientistas reforçam que a análise não considerou o uso do aparelho, e sim apenas o fato de possuir um smartphone. Um ano depois, crianças que ainda não tinham celular apresentaram melhor saúde mental do que as que já tinham. Os resultados se mantiveram mesmo entre crianças com acesso a outros dispositivos, como tablets.
O psiquiatra infantil Ran Barzilay, autor principal, classificou os smartphones como um “fator significativo” na saúde de adolescentes e defendeu que pais avaliem com cuidado o momento de entregar o primeiro aparelho. Ele reconhece, porém, que smartphones podem ter efeitos positivos, como facilitar conexões sociais e oferecer ferramentas educacionais.
Os pesquisadores pretendem aprofundar o estudo para identificar quais aspectos do uso dos celulares geram maior risco e quem são os jovens mais vulneráveis, incluindo crianças que receberam smartphones antes dos 10 anos.
O alerta se soma a outras preocupações crescentes sobre tempo de tela e redes sociais. Nos EUA, estados têm implementado restrições ao uso de celulares nas escolas, enquanto especialistas recomendam limites e “zonas livres de tecnologia” para preservar o bem-estar dos jovens. O Pew Research Center aponta que 95% dos adolescentes de 13 a 17 anos já possuem smartphones, e a posse está crescendo também entre crianças mais novas.
Fonte: CBS

