Respirar revolta. Essa foi a forma com que a aposentada Rosileuda Rodrigues, de 57 anos, encontrou para se manter com esperanças. Ela é indignada diante do vizinho que tornou a sua vida e de sua comunidade um pesadelo desde 2016. O vizinho é o lixão de Padre Bernardo, chamado de Aterro Sanitário Ouro Verde, que desabou no último dia 18 e foi interditado pela justiça na última quinta-feira (26). Mas nem isso fez com que Rosileuda ficasse otimista.
Logo depois do desabamento, a moradora do distrito de Monte Alto chegou a ficar internada por três dias por problemas respiratórios. “Mesmo depois de interditado, o cheiro continua forte. Acho que nunca mais nosso lugar vai ser o que já foi”, lamenta. Para lutar pelo seu antigo paraíso, a aposentada, que fazia transporte de moto no Distrito Federal, também respira saudades.
Saudades de cheirar a mata nativa do cerrado, ouvir os passarinhos, de ir até a beira do córrego Santa Bárbara com a comunidade ouvir os passarinhos e de sentir o vento com a vista encantada do Recreio do Itapety. Tudo ficou pior naquela manhã, por volta de 9h, em que houve o desabamento. Alguém da comunidade filmou e espalhou as cenas pelos grupos de whatsapp. As autoridades foram informadas pelos responsáveis pelo lixão apenas no fim da tarde.Ato de protesto
Rosileuda é uma das moradoras da comunidade que estará neste domingo (29), às 14h, em um ato que pede o fechamento definitivo do aterro Ouro Verde. Outro morador, o vigilante Sebastião Fernandes, que também faz parte da liderança comunitária, afirma que os moradores estão desesperados.