Três décadas se passaram, e o famoso livro Cidade Partida, de Zuenir Ventura, continua a mobilizar o debate sobre a desigualdade social no Rio de Janeiro. Publicado em um momento dramático, após as chacinas da Candelária e de Vigário Geral, o clássico incluiu a expressão “cidade partida” no vocabulário daqueles que denunciam as diferenças entre morro e asfalto na cidade até hoje ? um apartheid social, nas palavras de Zuenir. Nesta semana, o lançamento de Cidade Partida 30 anos depois revisita essa crítica social com pensadores de peso e de diferentes áreas, em artigos e entrevistas.
O livro é composto por sete artigos, sete entrevistas com pessoas que protagonizaram capítulos da obra original, mais uma entrevista inédita com Zuenir Ventura e um artigo dos organizadores. Ao final, há uma conversa com o fotógrafo João Roberto Ripper, que criou a Escola de Fotógrafos Populares/Imagens do Povo, no Complexo da Maré.
Os articulistas convidados a escrever os artigos são: Eliana Sousa Silva, Itamar Silva, Luciana Bezerra, Luiz Eduardo Soares, Silvia Ramos, Tainá de Paula e Viviane Costa. Já os entrevistados que retornam para contar as mudanças na cidade são Caio Ferraz, José Júnior, Manoel Ribeiro, Rubem César Fernandes, DJ Marlboro, Juju Rude e Anderson Sá.
'Segurança é maior fissura'
Coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, a cientista social Silvia Ramos assina o artigo Violência Policial: onde a cidade é mais partida. Em entrevista à
Agência Brasil, ela explica o título de seu texto: “Do ponto de vista da segurança pública, o Rio é uma cidade mais partida. Temos Comando Vermelho, Terceiro Comando, milícias e temos a própria polícia, que tem um grau de corrupção altíssimo. A segurança pública é o aspecto que mais desagrega o Rio de Janeiro”, diz.

