"Eu tenho muita clareza de que a cota transforma, afirmou Henrique Silveira, ex-estudante cotista da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Ela me permitiu deixar de ser um menino atrás de uma carroça, um burro sem rabo, para hoje estar à frente da gestão pública", completou Henrique, atual subsecretário de Tecnologias Sociais da prefeitura do Rio.
Foi refletindo sobre a própria trajetória que ele, nascido em Imbariê, um distrito pobre, na Baixada Fluminense, fez um balanço sobre a importância em sua vida da política de ação afirmativa da Uerj.
Com mais de duas décadas de existência, o sistema de cotas da universidade passará por uma segunda revisão legislativa em 2028, quando vence a lei aprovada em 2018.
A instituição discute uma nova fase da medida, conectando egressos e mapeando a trajetória profissional deles. Por isso, na última semana de novembro, reuniu ex-estudantes na reitoria da instituição.
A Uerj foi pioneira na adoção de cotas sociais e raciais no vestibular, em 2003. Henrique estava entre esses jovens. Ele é egresso do curso de geografia, que iniciou em 2006. E, assim como outros, avaliou a política como determinante."Eu sou esse sujeito pobre, da baixada, como tantos outros aqui, que sempre trabalhou ajudando o pai em tudo, mas com a clareza da necessidade de estudar", disse. Ao ter a oportunidade de entrar na universidade, se agarrou a ela.
No evento da Uerj, a dentista Maiara Roque lembrou o dia que passou no vestibular, em 2013, e os desafios iniciais de uma cotista negra"Eu sou o tipo de transformação, de mobilidade social, que essa política é capaz de dar, de tirar um cara de trás de uma carroça, colocar na universidade e oferecer-lhe uma vida melhor", contou Henrique. Quando menino, ele usava a carroça trabalhando com entrega de material de construção.
. Antes, a bolsa estudantil era curta, não podia ser acumulada com outros benefícios, e os auxílios, mais restritos.

