Nascido em Fort Lauderdale, sul da Flórida, mas crescido no Brasil, o jovem Briant Moreira de Oliveira, também conhecido por Elliot Briant, tem 25 anos e nos últimos dois já mostrou que a curiosidade aliada à busca por conhecimento pode levar as pessoas a alçarem grandes voos.
Ainda como estudante de Ciência da Computação na Make School at Dominican University of California, aos 23 anos, Briant foi parar na NASA após ter descoberto "por acidente" durante um trabalho do curso nada menos do que 37 planetas fora do sistema solar. Agora, o jovem se lança como empreendedor do mundo digital, trabalhando em diferentes projetos de tecnologia.
Atualmente morando em São Francisco, na Califórnia, em um entrevista exclusiva ao Gazeta News, Briant contou sobre sua carreira e os projetos.
GN - O que te fez buscar essa área de pesquisa, inclusive aeroespacial?
Briant - Sou do tipo de pessoa que é bem curiosa, gosto de descobrir como as coisas funcionam e estava fazendo um trabalho da faculdade. Estou sempre trabalhando em diversos projetos diferentes, que normalmente são em indústrias diferentes, como biotecnologia, finanças, veículo autônomo, comunicações e aeroespacial.
GN - Como ingressou como pesquisador na NASA e em quais projetos atuou?
Briant - Nos últimos dois anos, tenho me envolvido em vários projetos. Durante o curso, trabalhei no Johnson Space Space Center, em Houston, Texas. Eu fazia parte da equipe de análise de dados, criando visualização de dados, robótica e inteligência artificial para permitir decisões baseados em dados para fornecer suporte de gerenciamento de dados para a Estação Espacial Internacional.
Fui parar lá porque criei o 'Exoplanet Hunting in Deep Space with Machine Learning' (caça de exoplanetas no espaço profundo), fazendo uma análise de dados do telescópio chamado Kepler, e eu encontrei 37 planetas fora do nosso sistema solar.
Também colaborei em um projeto em parceria com o Snoop Dog, chamado Kannibox. E desenvolvi algoritmo protótipo de recomendação de canabinoides. Nesse projeto, através de inteligência artificial, criamos uma caixa de assinatura mensal que se adapta às suas necessidades pessoais. Utilizando o “machine learning” para criar e entender os perfis de canabinoides dos usuário, a fim de desenvolver um mecanismo de recomendação ajudando o usuário a descobrir o que resolve suas necessidades recreativas e de saúde de uma forma acessível.
Recentemente eu trabalhei também em um projeto com NASA’s Jet Propulsion Laboratory em parceria com Indian Space Research Organization (ISRO) em uma missão chamada NISAR, um satélite que será lançado em 2022, NISAR será o satélite mais caro do mundo que estará orbitando o nosso planeta. NISAR satélite é projetado para observar e fazer medições de alguns dos processos mais complexos do planeta. Isso inclui distúrbios do ecossistema, colapso do manto de gelo e riscos naturais, como terremotos, tsunamis, vulcões e deslizamentos de terra. Os dados coletados do NISAR irão revelar informações sobre a evolução e o estado da crosta terrestre, ajudar os cientistas a entender melhor os processos do nosso planeta e as mudanças climáticas, e auxiliar no gerenciamento de recursos e perigos futuros.
GN- Quais projetos ou startups está lançando?
Briant - Atualmente, após ter graduado, junto com amigo que fiz durante a faculdade, eu fundei uma startup chamada PaySplit - uma plataforma de pagamento social, com a intenção simplesmente ajudar criadores de conteúdo (digital creators) a fazerem transações e receber pagamentos entre agências, marcas e sua audiência.
Outro projeto é o Miterra - um jogo de Realidade Virtual para adolescentes de 10 anos ou mais. Em colaboração com seis amigos, criamos um jogo para informar, educar, inspirar criança e adolescentes a sobre ciência planetária. No jogo, a história se instala no ano 800 AC (Depois da Catástrofe). No evento Catastrophe, vários planetas foram destruídos na galáxia. Agora, a Força Espacial Intergaláctica, a equipe MITERRA, viaja ao redor da galáxia para salvar as civilizações restantes. O jogador terá a chance de se juntar ao grupo de cientistas da NASA para resolver vários problemas em cada planeta para salvar a galáxia de mais extermínio. Pegamos cenários de como um planeta pode ser destruído, de causas naturais a atividades humanas, usando dados da NASA, para escrever uma história que nossos usuários podem jogar para obter uma melhor compreensão dos desafios que enfrentamos no planeta Terra hoje e em nosso futuro.
GN - Pretende seguir a carreira de pesquisador? Quais planos para o futuro?
Briant - Em setembro eu me graduei na faculdade com um bacharelado em ciência da computação. E ao mesmo tempo eu também me graduei em um dos maiores programas aceleradores de Startup dos Estados Unidos chamada Y Combinator Startup School. Mas eu ainda quero continuar a minha educação e quem sabe um dia fazer um mestrado e um doutorado em Inteligência Artificial, mas no momento eu estou explorado o meu lado empreendedor e quero trabalhar e desenvolver tecnologia disruptiva para ajudar as nossas comunidades e a economia.
GN -Como trabalhou na NASA, pensa em seguir dentro dela?
Briant - Eu ainda tenho aspiração e a intenção de virar um astronauta. No momento, estou no processo de aplicação para tentar entrar no projeto PoSSUM e me tornar um candidato a astronauta, e quem sabe um dia ter a oportunidade de ir a Marte. O Projeto PoSSUM é o primeiro e único programa de pesquisa suborbital tripulada. O “Advanced PoSSUM Academy” é para alunos interessados em astronáutica. O Programa de Astronáutica Aplicada é um programa intensivo de astronáutica de um ano projetado para o profissional de voo espacial.
GN - Na atual conjuntura, como enxerga o papel do Brasil (ou de brasileiros) para que mais jovens possam se sobressair nesse campo da pesquisa científica, inclusive no exterior?
Briant - Olha, eu sempre achei que o papel do Brasil (e de brasileiros) na área de ciências e pesquisa nacional, e até mesmo em parceria com outras nações, é fundamental para o desenvolvimento do nosso país. Eu tenho esperança que o Brasil faça mais investimento na área de educação, ciências e pesquisas, e que esses investimentos possam abrir mais oportunidades para brasileiros.
Eu realmente gostaria de ver o Brasil liderando no ramo científico, fazendo mais desenvolvimento nacional como o projeto Sirius no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, e também fazendo mais acordos internacionais como a Missão Centenário, onde todos os 8 experimentos conduzidos pela missão foram importantíssimos para o desenvolvimento tecnológico e também o desenvolvimento da nossa compreensão em relação à micro-gravidade.
O povo brasileiro tem um potencial e força de vontade muito grande, e com o certos incentivos, unidos, movem até montanhas. O céu não é o limite, e ainda temos muito mais para descobrir e inovar.