Os líderes do Immigration and Customs Enforcement (ICE) e do Customs and Border Protection dos EUA emitiram uma nova orientação na última segunda-feira (19), ordenando aos funcionários que acabem com o uso de termos como "estrangeiro ilegal" (illegal alien) e "assimilação" (assimilation), palavras que os defensores da imigração criticaram como desumanizantes.
Um par de memorandos emitidos também na segunda-feira por Tae Johnson e Troy Miller, os chefes interinos das agências, delineou a linguagem atualizada para todas as comunicações externas e internas para se alinhar com a orientação da administração Biden em relação à terminologia de imigração.
O termo "estrangeiro" (ailien) será substituído por "não cidadão" (noncitizen) ou "migrante" (migrant), "estrangeiro ilegal" (illegal alien) por "não cidadão indocumentado" (undocumented noncitizen) ou "indivíduo não documentado" (undocumented individual) e "assimilação" (assimilation) será alterada para "integração" (integration), de acordo com os memorandos. As declarações afirmam ainda que a mudança servirá para conferir mais dignidade às pessoas sob a custódia da agência.
O ICE disse que estava "adotando terminologia para ajudar a reconstruir a confiança do público e remodelar a imagem da agência. A mudança reflete o compromisso do ICE de tratar todos com quem interagimos com respeito e dignidade, ao mesmo tempo que faz cumprir as leis de nosso país", afirma a agência em comunicado.
Defensores dos direitos dos imigrantes há muito condenam o termo "estrangeiro ilegal" (illegal alien) como uma calúnia desumanizante. Durante a era Trump, a terminologia esteve mais ao centro de discussões com alguns altos funcionários federais incentivando seu uso e vários estados e governos locais tomando medidas para bani-lo.
O presidente Joe Biden procurou tomar medidas deliberadas para reconhecer os Estados Unidos como "uma nação de imigrantes", incluindo em sua agenda a proposta de reforma da imigração. Entretanto, o governo Biden continua lutando contra o fluxo de migrantes na fronteira sul.
Em uma mudança de discurso, Biden descreveu o influxo de crianças migrantes na fronteira sul como uma "crise", um termo que funcionários do alto escalão se recusaram a usar, chamando a situação de "desafio". A Casa Branca tentou reverter os comentários do presidente na segunda-feira, alegando que Biden estava se referindo às condições nos países do Triângulo Norte de onde os migrantes estão vindo, e não ao aumento de crianças migrantes sob custódia dos Estados Unidos.
O governo Biden não é o único a chamar a atenção para a linguagem usada para caracterizar a imigração. O ex-presidente George W. Bush pediu no domingo ao Congresso que suavize a "retórica dura" sobre a imigração, acrescentando que espera que isso "estabeleça um tom mais respeitoso" para com os imigrantes e leve à reforma.
"Eu quero dizer ao Congresso, por favor, deixe de lado toda a retórica dura sobre a imigração, por favor, deixe de lado a tentativa de marcar pontos políticos de ambos os lados. Espero poder ajudar a estabelecer um tom que seja mais respeitoso com o imigrante, o que pode levar à reforma do sistema ", disse Bush a Norah O'Donnell no "CBS Sunday Morning ".
Fonte: CNN