Em meio ao aumento dos preços da gasolina nos EUA - o preço médio ultrapassou US$ 4 o galão pela primeira vez desde 2008 - o governo Biden enfrenta uma pressão crescente para impor mais sanções à Rússia, incluindo a proibição de importações de petróleo. Nenhuma decisão foi tomada ainda, mas pode ser dada a qualquer momento.
Por enquanto, uma ampla proibição EUA-Europa parece ilusória. Na segunda-feira, 7, o chanceler alemão Olaf Scholz deixou claro que seu país, o maior consumidor de energia russa da Europa, não tem planos de aderir a nenhuma proibição. Em resposta, a vice-secretária de Estado dos EUA, Wendy Sherman, deu a entender que os EUA poderiam agir sozinhos ou com um grupo menor de aliados.
A proibição do petróleo e do gás natural russos seria doloroso para a Europa. A Rússia fornece cerca de 40% do gás natural da Europa para aquecimento doméstico, eletricidade e usos industriais e cerca de um quarto do petróleo da Europa. Autoridades europeias estão procurando maneiras de reduzir sua dependência, mas isso levará tempo.
Mesmo que uma proibição seja promulgada, o governo Biden e o Congresso “continuam focados em reduzir os custos mais altos de energia para famílias americanas e nossos parceiros decorrentes da invasão de Putin”, disse a presidente da Câmara, Nancy Pelosi.
Pelosi, que expressou apoio à proibição dos EUA ao petróleo russo, também citou a ação de Biden ao levar os aliados dos EUA a liberar 60 milhões de barris de petróleo de reservas estratégicas, incluindo 30 milhões de barris de reservas dos EUA, para tentar estabilizar os mercados globais.
O que pode acontecer aos EUA?
Se os EUA agirem sozinhos ao proibir as importações de petróleo russo e produtos refinados, o impacto em Moscou provavelmente seria mínimo. Os Estados Unidos importam uma pequena parte das exportações de petróleo da Rússia e não compram gás natural de Moscou.
Os Estados Unidos importam cerca de 100.000 barris por dia da Rússia, apenas cerca de 5% das exportações de petróleo bruto da Rússia, segundo a Rystad Energy. No ano passado, cerca de 8% das importações americanas de petróleo e derivados vieram da Rússia.
Os EUA podem substituir o petróleo russo por importações da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos. Por sua vez, a Rússia pode encontrar compradores alternativos para esse combustível, talvez na China ou na Índia. Tal passo "traria uma ineficiência massiva no mercado", o que aumenta os preços, disse Claudio Galimberti, vice-presidente sênior de análise da Rystad Energy.
No entanto, se a Rússia for isolada do mercado global, disse Galimberti, países desonestos como Irã e Venezuela podem ser "bem-vindos de volta" como fontes de petróleo. Essas fontes adicionais poderiam, por sua vez, potencialmente estabilizar os preços.
Uma equipe de funcionários do governo Biden esteve na Venezuela no fim de semana para discutir energia e outras questões, disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki. As autoridades discutiram “uma série de questões, incluindo certamente a segurança energética”, disse Psaki.
Há um mês, o petróleo estava sendo vendido por cerca de US$ 90 o barril. Agora, os preços estão passando de US$ 120 o barril, já que os compradores evitam o petróleo russo, com muitas refinarias temendo que sanções possam ser impostas no futuro. Eles se preocupam em ficar com petróleo que não poderiam revender como gasolina se sanções fossem impostas em um futuro próximo.
A Shell disse nesta terça-feira, 8, que deixará de comprar petróleo e gás natural russos e fechará seus postos de gasolina, combustíveis de aviação e outras operações no país, dias após o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia criticar a gigante de energia por continuar comprando petróleo russo.
Analistas de energia alertam que os preços podem chegar a US$ 160 ou até US$ 200 o barril de petróleo bruto se as sanções do petróleo forem impostas pelo Ocidente ou se os compradores continuarem evitando o petróleo russo.
Preços do petróleo tão altos podem fazer com que um galão médio de gasolina dos EUA ultrapasse US$ 5 o galão, um cenário que Biden e outras figuras políticas estão desesperadas para evitar. Com informações da Associated Press.