A invasão russa da Ucrânia gerou especulações sobre os impactos no mercado imobiliário nos EUA, mas não é provável que tenha muito efeito, de acordo com uma postagem feita pelos pesquisadores da Associação Nacional dos REALTORS®, a NAR.
"Qualquer declínio nas transações imobiliárias internacionais terá pouco impacto direto no mercado imobiliário dos EUA", disse Gay Cororaton, economista e um dos pesquisadores da NAR.
Segundo Cororaton, compradores russos representam menos de 1% das compras estrangeiras nos Estados Unidos e participam de tão poucas transações imobiliárias nos EUA que é improvável que causem uma grande interrupção no mercado. As transações envolvendo compradores russos são mais comuns nos estados da Flórida, Geórgia e Nova York.
Mesmo na Flórida, que teve o maior número de compras russas, elas representam apenas 0,2% do mercado total do estado durante julho de 2020 a junho de 2021, de acordo com o perfil da NAR e da Florida REALTORS® de atividade imobiliária residencial internacional no Sunshine State. Os principais compradores estrangeiros da Flórida são canadenses, latino-americanos (Colômbia, Argentina, Brasil, Venezuela, México, Peru e Chile) e europeus ocidentais (Reino Unido, França, Alemanha e Itália).
Os compradores russos foram mais ativos em Bradenton-Sarasota, respondendo por 6% das compras de compradores estrangeiros nessa área durante julho de 2020-junho de 2021. No entanto, Bradenton-Sarasota representa apenas 4% dos compradores estrangeiros da Flórida, portanto, o total de compras russas acabou sendo apenas 0,2% do mercado da Flórida.
De abril de 2015 a março de 2021, China, Reino Unido, Alemanha e França representaram quase 20% dos compradores estrangeiros dos EUA. O Canadá respondeu por 11% dos compradores estrangeiros dos EUA, enquanto o México e o Brasil responderam por 11%.
No geral, os compradores estrangeiros respondem por cerca de 2% das vendas totais de casas existentes, de acordo com o Relatório de Transações Internacionais de 2021 da NAR no Relatório Imobiliário Residencial dos Estados Unidos.
O preço médio de um imóvel entre os compradores russos foi de $325.000, pouco superior ao preço médio de compra entre todos os compradores estrangeiros dos EUA de $ 303.200. No entanto, o preço médio de compra entre os compradores russos foi de $ 652.915, comparado a $480.695 entre todos os compradores estrangeiros, sugerindo que os russos possuíam um poder de compra mais elevado.
Mas caso ocorra uma diminuição de procura por imóveis nos Estados Unidos por compradores estrangeiros, “o declínio na demanda externa aliviará as restrições de oferta para os compradores domésticos”, disse Cororaton. “E no curto prazo, com a escalada da tensão geopolítica, a Nota do Tesouro dos EUA e a taxa de hipoteca de 30 anos podem não acompanhar a taxa de fundos federais, já que os investidores realocam suas carteiras de investimentos para os Tesouros dos EUA, como aconteceu na semana passada, quando a taxa anual de uma hipoteca fixa de 30 anos caiu para 3,76%.”
A inflação também faz parte da preocupação dos americanos, já que o índice atual está em níveis somente vistos nos anos 80. No entanto, a inflação não afeta os proprietários de imóveis, já que o valor das propriedades aumenta com a taxa de inflação. Isso faz com que seja um ótimo momento para vender e, possivelmente, mais difícil para comprar.
No entanto, Cororaton alerta que taxas de petróleo mais altas, ajustes futuros maiores nas taxas de juros, moedas globais enfraquecidas e crescimento global mais lento ainda podem representar riscos para o mercado imobiliário dos EUA no futuro.
Como em qualquer decisão relacionada a finanças, o mais prudente é acompanhar os acontecimentos e fazer um planejamento inteligente para assegurar suas reservas e manter o sonho da casa própria vivo.
Neise Cordeiro, Realtor®
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