O presidente Joe Biden enfrenta uma pressão crescente nesta segunda-feira, 9, para pedir a extradição do ex-presidente Jair Bolsonaro do país, um dia depois que apoiadores do ex-líder de extrema direita invadiram o Congresso, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto.
Bolsonaro está na Flórida desde o dia 30 de dezembro sem previsão de retorno ao Brasil divulgada até então.
Desde o domingo, 8, a tropa de choque foi enviada para acampamentos de protesto na capital do Brasil, enquanto o governo prometia processar os manifestantes pelo ataque à democracia do país. O ataque, que trouxe ecos inconfundíveis de eventos no Capitólio dos EUA há dois anos, também voltou a atenção para a Flórida – para onde Bolsonaro voou dias antes do fim de seu mandato.
Os legisladores democratas, incluindo os deputados Joaquin Castro, do Texas, Ilhan Omar, de Minnesota, e Mark Takano, da Califórnia, ecoaram os apelos pela remoção de Bolsonaro do país.
“Quase 2 anos depois do dia em que o Capitólio dos EUA foi atacado por fascistas, vemos movimentos fascistas no exterior tentando fazer o mesmo no Brasil”, disse a deputada Alexandria Ocasio-Cortez, D-N.Y., no Twitter, acrescentando que os “EUA devem parar de conceder refúgio a Bolsonaro na Flórida”.
As ações de Bolsonaro e seus apoiadores não surpreenderam os analistas que acompanham o ex-capitão do Exército, que costuma elogiar a era passada de ditadura militar no Brasil.
“Bolsonaro concorreu com uma chapa muito parecida com Trump”, disse Todd Landman, professor de ciência política da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, à NBC News. “Ele olhou para Trump como uma pessoa a ser imitada. Ele também levantou dúvidas sobre a integridade do processo eleitoral com bastante antecedência”.
Após sua derrota para Lula em outubro, Bolsonaro não cedeu explicitamente ao resultado. Seus apoiadores estavam acampados em frente a bases militares há meses, pedindo a intervenção do exército. No domingo, dias após a posse de Lula, milhares vestindo as cores amarela e verde da bandeira nacional invadiram e destruíram vários prédios do governo.
"Condeno o atentado à democracia e à transferência pacífica do poder no Brasil. As instituições democráticas do Brasil têm todo o nosso apoio e a vontade do povo brasileiro não deve ser prejudicada. Estou ansioso para continuar a trabalhar com @LulaOficial", declarou Biden logo após os atentados.
A declaração de Biden foi seguida de líderes de outros países, incluindo Reino Unido, França, Austrália, Espanha e Itália.
A NBC News procurou a Casa Branca para comentar as demandas dos democratas do Congresso para que Biden removesse Bolsonaro.
Mas, apesar dos crescentes apelos de legisladores em Washington, especialistas disseram que qualquer decisão de remover Bolsonaro dos EUA pode não ser rápida.
“Eles teriam que ter evidências incontroversas de que há um link direto ou um conjunto de instruções explícitas que vieram de Bolsonaro para realizar isso”, disse Landman.
Se Biden não optar por revogar seu visto, o Brasil poderá solicitar formalmente sua extradição após a emissão de um mandado de prisão. A situação do visto de Bolsonaro não ficou imediatamente clara.
Bolsonaro rejeitou as acusações, dizendo no Twitter que protestos pacíficos faziam parte de uma democracia, mas que vandalismo e invasão de prédios eram “exceções à regra”.
Apesar de contestar os resultados das eleições e lançar dúvidas sobre o processo de votação, Bolsonaro não chegou a fazer um apelo explícito à ação. Mas ele elogiou simpatizantes que bloquearam estradas, realizaram comícios e até invadiram quartéis da polícia na capital em dezembro.
I condemn the assault on democracy and on the peaceful transfer of power in Brazil. Brazil’s democratic institutions have our full support and the will of the Brazilian people must not be undermined. I look forward to continuing to work with @LulaOficial.
— President Biden (@POTUS) January 8, 2023
.@GovRonDeSantis why are you giving refuge to Jair Bolsonaro in Florida? Is it because you support far right fascist regimes storming capitols!? https://t.co/OIpi4nJeyQ
— Rep. Anna V. Eskamani ???? (@AnnaForFlorida) January 9, 2023
Nearly 2 years to the day the US Capitol was attacked by fascists, we see fascist movements abroad attempt to do the same in Brazil.
— Alexandria Ocasio-Cortez (@AOC) January 8, 2023
We must stand in solidarity with @LulaOficial’s democratically elected government. ????????
The US must cease granting refuge to Bolsonaro in Florida. https://t.co/rzsZl9jwZY