Donald Trump vai entregar-se às autoridades do estado da Geórgia nesta quinta-feira, 24. O anúncio foi feito pelo próprio na rede social que fundou (Truth Social) nesta terça-feira e ameaça ofuscar o primeiro debate entre seus adversários para a indicação presidencial republicana de 2024.
Trump está em liberdade sob fiança de 200.000 dólares (aproximadamente R$ 1 milhão), que evitou sua prisão preventiva. Ele será detido formalmente quando se entregar e uma foto sua será tirada para o registro policial.
O ex-presidente está proibido de intimidar os coacusados ou as testemunhas, inclusive por meio das redes sociais.
"Podem acreditar? Vou para Atlanta, Geórgia, na quinta-feira, para ser PRESO por uma Procuradora Distrital de Esquerda Radical, Fani Willis, que está supervisionando um dos maiores DESASTRES de Assassinatos e Crimes Violentos da História dos Estados Unidos", postou Trump.
Trump é acusado de tentar reverter os resultados das eleições presidenciais de 2020, na Geórgia. Este é um dos quatro processos judiciais em que o candidato às presidenciais de 2024 está envolvido.
Ele e outros 18 acusados, todos processados em virtude de uma lei contra o crime organizado, têm até o meio-dia de sexta-feira para se entregar. Dois já o fizeram: Scott Hall e John Eastman, este último ex-advogado de campanha do ex-presidente.
Favorito entre os republicanos
Apesar dos problemas na Justiça, Trump continua o favorito entre os republicanos para disputar as eleições do ano que vem contra Joe Biden: tem 57% das intenções de voto dentro do partido, contra apenas 17% do segundo colocado, o governador da Flórida, Ron DeSantis.
No debate de quinta-feira, o governador da Flórida, Ron DeSantis, será o centro das atenções. Também vão participar do debate seu colega da Dakota do Norte, Doug Burgum, o senador Tim Scott, da Carolina do Sul, o ex-vice-presidente Mike Pence, o empresário Vivek Ramaswamy e os ex-governadores Chris Christie, Nikki Haley e Asa Hutchinson.
O ex-presidente já afirmou que pretende continuar fazendo campanha mesmo se for condenado, mas o caso da Geórgia pode dificultar esse plano.
Por que Trump pode continuar na disputa e ser eleito
Por se tratar de um caso na Justiça estadual, mesmo se for eleito presidente novamente, Trump não terá a influência para se livrar das acusações. Além disso, uma especificidade da lei da Geórgia não permite que o governador perdoe crimes – por isso, se for condenado, Trump não pode contar com o perdão do governador.
A constituição americana traz apenas três exigências para que alguém tente se tornar presidente: morar nos Estados Unidos há pelo menos 14 anos, ter nascido no país e pelo menos 35 anos de idade.
Tecnicamente, não há menções sobre o que acontece no caso de alguém ser acusado ou mesmo condenado, e por isso especialistas dizem que as eleições do ano que vem podem caminhar para um território desconhecido.
A promotora Fani Willis espera que Trump seja julgado no caso da Geórgia em março, às vésperas da Super Terça, dia em que diversos estados têm prévias eleitoras, as votações dentro dos partidos.
A equipe de advogados do ex-presidente tenta mover o caso para um tribunal federal ou ao menos atrasar ao máximo a data do julgamento, buscando o menor prejuízo possível para suas ambições presidenciais.
Fonte: BBC e CNN.