A execução de um condenado à morte por meio de asfixia por gás nitrogênio está marcada para a próxima quinta-feira (25) no estado do Alabama. Será a primeira vez desse método nos EUA em Kenneth Smith, de 58 anos, que sobreviveu a uma injeção letal em 2022.
Condenado à pena de morte no Alabama, Smith pode se tornar a primeira pessoa a ser executada por meio de asfixia por gás nitrogênio no país. O método é autorizado no Alabama desde 2018, mas nunca tinha sido usado. O detento será equipado com uma máscara do tipo respirador no rosto para substituir o ar que respira por nitrogênio puro, privando-o de oxigênio.
De acordo com o Alabama News, o próprio Kenneth Smith teria sugerido que sua execução fosse dessa maneira.
Em novembro de 2022, a execução de Smith por injeção letal acabou sendo cancelada depois que os funcionários da prisão não conseguiram colocar uma linha intravenosa nas veias dele, tornando essa a terceira tentativa fracassada de injeção letal no Alabama.
O advogado de Smith, Robert Grass, disse aos juízes que o Estado "tentará executar Kenny Smith em circunstâncias sem precedentes", argumentando que o plano de administrar o gás nitrogênio por meio de uma máscara facial é falho e poderia submeter seu cliente a uma execução prolongada e inconstitucionalmente dolorosa.
As preocupações dos advogados de Smith ecoam as da Organização das Nações Unidas (ONU) no início desta semana. Ravina Shamdasani, porta-voz do escritório de Direitos Humanos da ONU, disse que a organização tinha "sérias preocupações" com a proposta de execução.
"Estamos alarmados com a execução iminente nos Estados Unidos da América de Kenneth Eugene Smith, por meio de um método novo e não testado - asfixia por gás nitrogênio", disse Shamdasani em uma coletiva de imprensa.
Especialistas alertaram o Estado sobre o risco de consequências catastróficas, que vão desde convulsões violentas até a sobrevivência em estado vegetativo. Há até mesmo a possibilidade de que o gás vaze da máscara e mate outras pessoas na sala.
Kenneth Smith foi condenado em 1989 pelo assassinato da esposa de um pastor, que foi esfaqueada e espancada em um crime encomendado pelo valor de US$ 1 mil. O preso é um dos únicos detentores da história dos EUA a ser levado mais de uma vez para a pena de morte.
Em entrevista à BBC, Smith disse que sente náuseas o tempo todo. “Os ataques de pânico acontecem regularmente... Isso é apenas uma pequena parte daquilo com que tenho lidado diariamente. Tortura, basicamente".
O Alabama tem uma das maiores taxas de execução per capita dos EUA. Atualmente, há 165 pessoas no corredor da morte no estado. Desde 2018, o Alabama foi responsável por três tentativas fracassadas de injeção letal, nas quais os presos condenados sobreviveram.
O estado está determinado a continuar com a execução. O gabinete do procurador-geral classificou os alertas da ONU como "tão infundados quanto os de Smith".
Outros estados como Oklahoma e Mississippi também autorizam o método de execução, conhecido como hipóxia de nitrogênio, mas nenhum tentou usá-lo anteriormente.
Fonte: AFP.

