O FBI concordou na segunda-feira (30) em pagar mais de US$ 22 milhões para resolver uma ação coletiva alegando que recrutas femininas foram selecionadas para demissão e rotineiramente assediadas por instrutores com comentários sexualmente inclinados sobre o tamanho dos seios, falsas alegações de infidelidade e a necessidade de tomar anticoncepcionais "para controlar seus humores".
O pagamento a 34 mulheres demitidas da academia de treinamento do FBI em Quantico, Virgínia, ainda sujeito à aprovação de um juiz federal, estaria entre os maiores acordos judiciais da história do bureau.
"Esses problemas são generalizados dentro do FBI e as atitudes que os criaram foram aprendidas na academia", disse David J. Shaffer, o advogado das mulheres. "Este caso fará mudanças importantes nessas atitudes".
Ajuizada em 2019, a ação alega que as recrutas foram submetidas a um ambiente de trabalho hostil, onde eram julgadas com mais severidade do que seus colegas homens e "excessivamente alvos de correção e dispensa em situações táticas" e critérios subjetivos de "adequação".
Uma das mulheres disse que foi advertida a "sorrir mais" e submetida a repetidas investidas sexuais. Outra disse que um instrutor encarava seus seios, "às vezes enquanto lambia os lábios".
O processo ocorreu em meio a uma onda de alegações de má conduta sexual dentro do bureau, que incluíam várias contra altos funcionários do FBI identificados em uma investigação da Associated Press que silenciosamente deixaram o bureau com todos os benefícios, mesmo depois que as alegações contra eles foram comprovadas. Essas alegações variaram de toques indesejados e avanços sexuais, até coerção. Em um caso, um diretor assistente do FBI se aposentou depois que o escritório do inspetor geral concluiu que ele assediou uma subordinada e buscou um relacionamento impróprio com ela.
Em resposta à reportagem da AP, o FBI anunciou uma série de reformas, incluindo uma linha de denúncias 24 horas por dia, 7 dias por semana, com o objetivo de tomar uma posição mais dura contra agentes que cometeram má conduta e ajudar os acusadores.
O acordo mais recente veio menos de seis meses depois que o Departamento de Justiça anunciou um acordo de US$ 138,7 milhões com mais de 100 pessoas que acusaram o FBI de lidar grosseiramente mal com alegações de agressão sexual contra o médico esportivo Larry Nassar.
Fonte: CNN