O governo dos EUA está implementando rapidamente a ordem do presidente Donald Trump para transformar instalações na Base Naval de Guantánamo em um centro de detenção de imigrantes em grande escala, enviando o primeiro grupo de detentos migrantes para lá nesta terça-feira (4).
Na semana passada, Trump instruiu sua administração a expandir significativamente o espaço de detenção na base naval para abrigar até 30.000 imigrantes "prioritários" e indocumentados com antecedentes criminais. Desde então, autoridades dos Departamentos de Defesa, Estado e Segurança Interna têm trabalhado para implementar a diretiva do presidente.
Na terça-feira à tarde, um avião com 10 detentos migrantes partiu da base militar de Fort Bliss, perto da fronteira com o Texas, com destino a Guantánamo. De acordo com vários funcionários dos EUA, dois desses detentos eram classificados como de "alto risco" e seriam mantidos em celas dentro da base naval. Um dos oficiais afirmou que se tratava de homens venezuelanos com ligações com o grupo criminoso Tren De Aragua, originado nas prisões da Venezuela.
Um oficial dos EUA afirmou que, no futuro, os imigrantes a serem enviados para a base naval provavelmente seriam detidos pela agência de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE), a qual está no centro do esforço do presidente de realizar a maior deportação da história americana. A ICE intensificou suas operações de imigração em todo o país sob o governo Trump, realizando entre 800 e 1.000 prisões diárias na última semana — um aumento em relação à média de 312 prisões no último ano do governo de Joe Biden.
Nos últimos dias, houve debates internos sobre qual agência, o Pentágono ou o DHS, teria a custódia legal e física dos detentos migrantes, além das questões sobre quais direitos legais eles teriam.
Por décadas, a base de Guantánamo teve uma instalação chamada Centro de Operações Migratórias, onde autoridades de imigração dos EUA examinavam alguns solicitantes de asilo interceptados no mar. Essa área é separada do centro de detenção de Guantánamo, a prisão militar pós-11 de setembro onde os EUA ainda mantêm mais de uma dúzia de suspeitos de terrorismo.
Atualmente, um número relativamente pequeno de migrantes é mantido em instalações do tipo alojamento enquanto passam por entrevistas com oficiais de imigração. Aqueles que aprovam essas entrevistas iniciais são encaminhados para reassentamento em países como Austrália e Canadá. Os EUA sempre tiveram a política de não permitir que aqueles interceptados no mar busquem asilo no país, com o objetivo de desencorajar a migração marítima.
Após a recente diretiva de Trump, autoridades dos EUA têm montado instalações temporárias em tendas em Guantánamo, fora do Centro de Operações Migratórias, já que os novos detentos não devem ser mantidos nessa instalação.
Na década de 1990, a administração Clinton manteve milhares de migrantes haitianos na base de Guantánamo, incluindo um campo notório para os diagnosticados com HIV, que na época eram impedidos de entrar nos EUA.
Em visita à fronteira sudoeste na segunda-feira, o Secretário de Defesa Pete Hegseth chamou Guantánamo de "o lugar perfeito" para manter "criminosos perigosos". "Onde você vai colocar os membros do Tren De Aragua antes de enviá-los de volta? Que tal uma prisão de segurança máxima em Guantánamo, onde temos espaço?", disse Hegseth.
Fonte: CBS