A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) anunciou que deixará de atualizar, a partir de 2025, seu banco de dados sobre desastres climáticos com prejuízos superiores a um bilhão de dólares. O sistema, em operação desde 1980, é amplamente utilizado por cientistas, seguradoras e formuladores de políticas públicas para medir o impacto financeiro de eventos extremos como furacões, secas, enchentes e incêndios florestais, cujo número tem aumentado com as mudanças climáticas.
A decisão ocorre em meio a uma série de mudanças promovidas pelo governo Trump, que tem enfraquecido estruturas federais voltadas ao monitoramento climático. Além de encerrar esse acompanhamento, o governo demitiu centenas de funcionários da NOAA em uma reestruturação liderada pelo Departamento de Eficiência Governamental, comandado por Elon Musk. Estima-se que até 10% da força de trabalho da agência tenha sido cortada.
Segundo a NOAA, a decisão de arquivar a base de dados foi tomada “em conformidade com novas prioridades, mandatos legais e mudanças na equipe”. Críticos veem a medida como parte de um esforço maior do governo para eliminar referências a mudanças climáticas nos órgãos federais e beneficiar setores poluentes como os de carvão, petróleo e gás.
Especialistas alertam que a base de dados da NOAA era considerada padrão ouro na medição de perdas causadas por desastres climáticos, por integrar informações exclusivas de seguradoras, agências estaduais e federais. Sem ela, ficará mais difícil entender como o aquecimento global está afetando financeiramente a sociedade americana — justamente quando os custos com seguros e reconstrução estão subindo.
“A decisão não muda o fato de que esses desastres estão piorando ano após ano”, afirmou Kristina Dahl, vice-presidente científica da ONG Climate Central. “Esse tipo de informação é essencial para manter a população segura e consciente da realidade que enfrentamos.”
Fonte: NBC