O presidente Donald Trump voltou a defender uma proposta que vem chamando atenção de milhões de americanos: usar a arrecadação de tarifas de importação para reduzir — ou até eliminar — o imposto de renda individual. No entanto, especialistas em tributação afirmam que a ideia é matematicamente inviável e que eventuais cortes beneficiariam majoritariamente os mais ricos.
Durante uma reunião de gabinete em 2 de dezembro, Trump disse acreditar que “em um futuro não muito distante, os Estados Unidos não precisarão mais cobrar imposto de renda”, citando o forte aumento das receitas tarifárias em seu governo. A Casa Branca reforçou que as tarifas gerariam “trilhões de dólares”, supostamente pagos por exportadores estrangeiros.
Contudo, análises independentes mostram que o plano não se sustenta. Segundo a Tax Foundation, mesmo mantendo as tarifas atuais, os EUA arrecadariam cerca de US$ 2,1 trilhões na próxima década — enquanto o imposto de renda individual deve gerar mais de US$ 32 trilhões no mesmo período. A disparidade demonstra que as tarifas representam uma fatia muito menor da base tributária.
Atualmente, os impostos pessoais somam US$ 2,7 trilhões por ano, enquanto as tarifas arrecadaram US$ 195 bilhões no ano fiscal de 2025. “É mecanicamente impossível substituir completamente o imposto de renda por tarifas”, afirmou Erica York, do Tax Foundation.
Trump também mencionou a possibilidade de enviar um “dividendo tarifário” de US$ 2.000 para cada família americana. Economistas afirmam que o custo total — entre US$ 300 bilhões e US$ 600 bilhões — excede amplamente a arrecadação atual. Além disso, tarifas altas o suficiente para sustentar tais gastos levariam consumidores a abandonar produtos importados, reduzindo a própria receita.
Especialistas alertam ainda que as tarifas funcionam como impostos regressivos, atingindo proporcionalmente mais as famílias de baixa renda. Já o imposto de renda é progressivo, exigindo mais de quem ganha mais. Assim, substituir um pelo outro poderia aumentar o peso tributário sobre trabalhadores e classes médias — o contrário do que Trump afirma pretender.
Fonte: CBS

