O presidente Donald Trump recuou nesta segunda-feira de suas declarações anteriores sobre a possível divulgação de um vídeo que mostraria um segundo ataque militar a um barco supostamente ligado ao tráfico de drogas na costa da Venezuela, no início de setembro. Apesar de ter afirmado na semana passada que “não teria problema algum” em liberar o material, Trump agora insiste que jamais apoiou essa divulgação e declarou que a decisão cabe exclusivamente ao secretário de Defesa, Pete Hegseth.
O recuo ocorreu após Hegseth evitar se comprometer publicamente com a liberação do vídeo durante o fim de semana, afirmando que o Pentágono precisa ser “muito responsável” ao revisar o que pode ser tornado público. O segundo ataque, realizado em 2 de setembro, teria sido uma ação para matar dois sobreviventes do primeiro bombardeio contra o barco investigado por tráfico.
Durante um evento na Casa Branca, Trump interrompeu uma repórter que citava sua própria fala gravada dias antes. “Eu não disse isso”, respondeu. “O que o Pete Hegseth quiser fazer está ok para mim.”
O episódio intensificou preocupações no Congresso, que receberá nesta terça uma sessão privada com Hegseth, o chefe do Estado-Maior Conjunto, general Dan Caine, e o secretário de Estado Marco Rubio. Parlamentares querem esclarecimentos sobre a legalidade do ataque e sobre a existência de sobreviventes quando ocorreu o segundo disparo.
Embora Trump tenha publicado nas redes sociais um vídeo de 29 segundos mostrando o ataque inicial, o governo ainda não divulgou a gravação completa, que incluiria a segunda investida. Congressistas que assistiram ao vídeo integral em sessão fechada divergiram sobre a ação: democratas criticaram o ataque adicional, enquanto republicanos defenderam sua legalidade.
Desde 2 de setembro, os EUA já realizaram mais de 20 ataques semelhantes na região do Caribe e do Pacífico Leste, resultando em mais de 80 mortes como parte da campanha antidrogas da administração.
Em resposta à falta de transparência, o Congresso tenta condicionar parte do orçamento de viagens de Hegseth à entrega das imagens brutas dos ataques, por meio de uma cláusula no projeto de lei anual de política de defesa.
Fonte: CBS

