Chegou a época de passar as festas de fim de ano com a família. Mas, durante uma pandemia que já matou milhares e está em plena expansão, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) estão pedindo que a população evite sair de casa.
"A melhor coisa que os americanos podem fazer nesta temporada de férias é ficar em casa e não viajar", disse o Dr. Henry Walke, gerente de incidentes COVID-19 do CDC, em uma coletiva de imprensa no dia 2 de dezembro. "Os casos estão aumentando. As hospitalizações estão aumentando, as mortes estão aumentando. Precisamos tentar dobrar a curva, parar esse aumento exponencial", completou.
Mesmo quando os Centros de Controle e Prevenção de Doenças recomendaram às pessoas que não viajassem para ver familiares e amigos em um esforço para tentar impedir a propagação do COVID-19, dados da Administração de Segurança de Transporte mostraram que 3 milhões de viajantes passaram pelos pontos de controle da TSA no fim de semana do Thanksgiving (feriado de Ação de Graças), o maior número desde 16 de março.
39% de viajantesDe acordo com uma pesquisa do aplicativo de reservas de viagens Hopper, espera-se que 39% dos americanos viajem durante a próxima temporada de férias. Por essa estimativa, cerca de 130 milhões de pessoas estarão pegando a estrada apenas nos Estados Unidos antes do final do ano.
Vai viajar? Faça o testeMas, para aqueles que decidem viajar, o CDC recomenda que façam o teste de COVID-19 antes e depois de suas viagens. Segundo a agência, é recomendável fazer um teste de um a três dias antes da viagem e outro de três a cinco dias após a viagem, além de reduzir as atividades não essenciais por sete dias após a viagem. "Aqueles que não fizerem o teste devem reduzir as atividades não essenciais por 10 dias após a viagem", orienta a agência.
O teste não elimina o risco de viagem, disse Walke, mas quando combinado com a redução de atividades não essenciais e outras precauções, pode tornar "a viagem mais segura", disse ele.
É o caso de Gabriela Lara, que teve a covid-19 e fez vários testes para viajar com mais segurança para o Brasil. Com viagem marcada de Fort Lauderdale para Porto Alegre (RS) no dia 15, ela pretende rever os pais que já são idosos e passar o natal e réveillon com a família, mas quase precisou mudar os planos de ir para o Brasil de novo.
Gabriela teve covid-19 no início de novembro, mas só agora, depois de quase 1 mês e vários testes, confirmou que está livre da doença. "Fiquei muito apreensiva porque demorou para o teste dar negativo. Estou fazendo essa viagem muito por causa deles (pais). Tem mais de um ano que não os vejo e eu tive que cancelar em maio minha ida por causa da pandemia. Ainda está tudo muito incerto, é um risco e a gente fica apreensivo, podem pedir quarentena quando eu voltar, não sei, mas preciso ir", relata. E salienta que, caso continuasse testando positivo, cancelaria a viagem.
EUA e BrasilAs recomendações vêm à medida que os casos, hospitalizações e mortes pelo coronavírus continuam aumentando nos Estados Unidos. Os EUA relataram mais de 13,8 milhões de casos e mais de 272.400 mortes, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins. Os totais globais: 64,2 milhões de casos e 1,48 milhão de mortes.
No Brasil, terceiro país mais afetado pelo coronavírus, preocupa a taxa alta de transmissão nas últimas semanas. Em termos acumulados, o Brasil vem na terceira posição, com 6,6 milhões de casos, número que só é superado por 9 milhões na Índia e 14 milhões nos EUA. São 178.159 óbitos e o número de pessoas infectadas pelo vírus desde o início da pandemia atingiu 6.674.999.
Internacionalmente, o CDC desaconselha viagens a países com alto número de casos e que não possui requisitos estritos de entrada, como teste negativo ou quarentena, como México e Brasil.
Para quem vai viajar, as principais recomendações são: fazer os testes, manter distância de outras pessoas, lavar as mãos e passar álcool em gel com frequência e usar a máscara.
"Pela covid-19 e trabalho, a viagem será mais curta"
Morando em Windermere, na região de Orlando, o administrador de empresas Carlos Ribeiro comprou a passagem em fevereiro para ele, a esposa e os filhos irem passar o natal com a família em São Paulo. Porém, com a pandemia e os consequentes cancelamentos de viagens pelas companhias aéreas, o voo acabou sendo cancelado e a passagem virou crédito. Ele decidiu então comprar de outra companhia que está com voos confirmados para o Brasil. Ele conta que estão apreensivos também porque a sogra, que mora no Brasil, está internada com covid-19.
"A gente tava com medo de ir levando a doença, mas acabou que a situação no Brasil também não tá boa. Dessa vez a viagem será mais curta, só mesmo para as festas de fim de ano. Vamos dia 14 de dezembro e voltamos dia 4 de janeiro", contou ao Gazeta News.