Atualmente, a venda de ingressos para shows costuma acontecer a maioria de forma online e, por conta disso, envolve golpes usando anúncios adquiridos nas plataformas e site falso para vender um ingresso que não existe.
A recorrência maior é na California e Sul da Flórida, aponta Leandro Garcia, fundador e CEO da Groovoo, plataforma de vendas de ingresso online, que denuncia golpistas de eventos brasileiros e esclarece como acontecem os golpes e o que deve ser feito para fazer uma compra com segurança.
"Alguns brasileiros, que eu posso afirmar que são dezenas porque pudemos identificar, que estão aplicando golpe, comprando ingressos e produtos online utilizando dados de cartões de terceiros, o que são crimes. Eles vendem esses ingressos divulgando em grupos de WhatsApp, Facebook e nas próprias redes sociais mais baratos do que na plataforma oficial. Normalmente os anúncios são em grupos focados na comunidade brasileira. Estamos falando aqui em golpes específicos de ingressos de eventos brasileiros", relata.
Como funcionaGarcia explica que, quando uma plataforma que vende ingresso online não tem a exigência de o comprador criar uma conta na própria plataforma usando um código que recebe por email para se registrar, os golpistas fazem a compra já no nome da pessoa que eles querem dar o ingresso ou vender, uma forma de desvincular do nome deles. Depois, repassam como se fosse verdadeiro, até mesmo para várias pessoas, usando um mesmo QR Code.
Nessa ação, o CEO analisa que estão sendo praticados crimes como roubos de dados de cartão e até formação de quadrilha, pois muitos agem em grupos.
Após a descoberta do "modus operandi" dos criminosos, a Groovoo passou a exigir cadastro do usuário na plataforma.
"Descobrimos esse tipo de golpe e passamos a exigir que o usuário crie uma conta na plataforma para ter mais proteção. Às vezes o usuário quer uma compra mais facilitada, mas hoje em dia todo mundo entende que essa solicitação de conta é uma forma de trazer mais segurança para todos", destaca.
Mas, só a criação de conta na plataforma não elimina a chance de golpe, salienta Garcia, tanto que investiram em outras ações de segurança, como um ticket eletrônico que fica no aplicativo.
"Inovamos trazendo um ticket eletrônico, diferente daqueles onde a pessoa recebe um QR Code estático no email, que ela pode até imprimir e levar no dia do evento. O nosso não é mais dessa forma, trata-se de um ticket eletrônico que a pessoa recebe na hora da compra no aplicativo da plataforma e a forma desse ticket sair de uma pessoa para outra é mais segura. Na tecnologia antiga do QR code estático, bastava tirar um print e mandar para outra pessoa, isso permitia que o mesmo ingresso fosse vendido várias vezes, mas só uma ia conseguir entrar no evento. O nosso ticket eletrônico fica no aplicativo e se a pessoa transferir para alguém, nós vamos saber para quem ela transferiu porque essa outra pessoa também vai precisar ter uma conta e nós temos a rastreabilidade até a pessoa entrar no evento. Dessa forma nós conseguimos chegar aos golpistas, rastreando, além de outros dados que coletamos na compra", detalha.
QR Code dinâmico e Tecnologia NFC: mais segurança a produtores e usuários
Na prática, Garcia explica que, tecnicamente, o QR Code estático foi substituído por duas formas: uma, que ele passou a ser dinâmico, em segundos ele modifica o desenho e consequentemente o seu código, não adianta a pessoa tirar um 'print' porque vai estar constantemente mudando, então, só vai estar em posse de uma pessoa aquele ticket. Ninguém pode ter a posse do mesmo QR Code. E a segunda e principal que o CEO orienta aos produtores é que usem é a tecnologia NFC, de aproximação do celular do usuário a um dispositivo.
Ele explica como funciona. "A gente envia aos produtores um dispositivo minúsculo, que não precisa nem estar com energia, basta fazer um toque no ceular do usuário, um check-in muito mais rápido, que agiliza as filas e, consequentemente, permite essa parte de rastreabilidade do ticket eletrônico, saber por quais contas esse ticket passou", destaca.
Os golpes acabam gerando prejuízo não só para a pessoa que passou os dados do cartão, mas muitas vezes também para os produtores do evento. O usuário que comprou o ingresso enganado não consegue entrar no evento e ainda pode ter compras feitas em seu nome sem ele saber. Os produtores têm prejuízo quando o ticket não foi bloqueado e a pessoa entrou sem ter realmente ter pago por ele e também porque o mesmo ticket pode ser usado para várias pessoas, no caso de QR Code estático.
Crimes e penalidades
O empresário faz um alerta para que as pessoas da comunidade "tomem cuidado e não comprem ingresso por terceiros que oferecem mais barato, porque podem acabar tendo o nome envolvido em crime ou possíveis, passando a responder criminalmente por eles, uma vez que os crimes envolvem golpes cometidos pela internet, roubo de dados de cartão e até formação de quadrilha, pois muitos agem em grupos."
A recomendação é comprarem de plataformas confiáveis, valorizando os investimentos que fizemos em tecnologia, que tem o objetivo também de acabar com esses golpes e preservar os usuários.
As denúncias foram repassadas para a polícia, que, segundo Garcia, está investigando para que os responsáveis sejam incriminados. Ele lembra ainda que pessoas envolvidas em crimes do tipo e estão ilegalmente presente nos EUA, correm o risco também de serem deportadas ao fim da pena.
Como evitar golpes, segundo ações listadas pelo Canaltech:
- Busque a venda oficial de ingressos - O ideal é sempre buscar a revendedora oficial de ingressos para o espetáculo. Consulte anúncios, redes sociais e reportagens na imprensa sobre os valores cobrados, os meios de pagamento e as empresas responsáveis pelos eventos, desconfiando de qualquer informação diferente que esteja disponível, principalmente, em um site de venda. Na dúvida, não realize a compra.
- Desconfie de promoções exageradas - É sempre importante observar os valores oficiais de diferentes setores de um show, bem como condições de parcelamento e taxas cobradas. Ao ver um valor bem abaixo do praticado oficialmente, o ideal é sempre desconfiar e evitar seguir adiante em negociações.
- Cuidado com as redes sociais - É importante verificar se está lidando com um perfil legítimo. Observe fotos, informações, local de trabalho e número de amigos em busca de perfis falsos ou que apresente inconsistência com outras informações — alguém que diz morar em São Paulo mas só tem contatos no exterior, por exemplo. O ideal, ainda, é evitar passar informações pessoais e manter a conversa objetiva, sem o envio de dinheiro, senhas, códigos de verificação e outros dados que sejam eventualmente solicitados e podem ser usados para o roubo de contas ou a realização de mais golpes.