Uma mãe brasileira alega que o filho sofreu maus-tratos em uma escola de Boca Raton, no sul da Flórida. A criança tem transtorno do espectro autista e está na escola há menos de quatro meses.
Buscando por justiça, Debora Lousa, CEO da DOR COM AMOR - uma organização sem fins lucrativos que trabalha em prol de dar apoio a "mães atípicas" - está dando suporte à mãe Edlany Bezerra, e contou com exclusividade o caso ao Gazeta News.
Segundo ela, o garoto Allan Bezerra, que vai completar 7 anos no final deste mês, foi vítima de maus tratos na Hammock Pointe Elementary School, em Boca Raton.
"No dia 10 de outubro, o filho dela sofreu uma violência física na escola. Ele teria sido agredido pela própria professora com um murro nas costas. Mas ela (a mãe) só soube que tinha sido a professora, dias depois. Antes, a escola ligou para ela, mas, por não entender direito inglês e também pelo modo que contaram, deu a entender que havia sido um empurrão de algum coleguinha e não algo mais sério e feito pela professora", contou.
Elas tentam esclarecimento e justiça pelo menino há 14 dias. Ele é autista verbal e não falou para a mãe assim que aconteceu, mas confirmou que foi agredido pela professora quando perguntado.
Morando na Flórida há somente quatro meses com o marido e o filho, Bezerra está decepcionada com o tratamento que recebeu e a atitude da direção da escola desde então. "Eles não fizeram nada, tentam acobertar a professora. Está nítida a diferença de tratamento porque somos imigrantes, meu filho não fala inglês e é autista. Se fosse uma criança americana talvez a atitude da escola fosse diferente", afirma.
Somente nesta terça-feira, 24, 14 dias depois do ocorrido, elas conseguiram se reunir com a direção da escola. Acompanhada de Lousa e de uma brasileira da organização, ela pediu que a professora fosse afastada e o caso investigado, mas ouviu o contrário. Soube que a professora retornou para a sala de aula na segunda-feira e que está trabalhando normalmente, tendo, inclusive, tido contato com seu filho novamente.
"Ela deu de novo um carrinho (já tinha dado um antes logo depois do ocorrido) para o meu filho e disse para ele que só 'estava fazendo carinho'. Isso é um absurdo porque mostra que ela está tentando persuadi-lo a não falar nada ou a diminuir o problema, para, em caso de investigação, ficar como uma denúncia inconclusiva", argumenta.
Além da denúncia ao distrito escolar e à polícia, elas procuraram também o Departamento de Crianças e Famílias da Flórida em Palm Beach na tarde desta terça-feira, onde souberam que o caso havia sido encerrado como "inconclusivo".
"Isso é um absurdo, ficamos surpresas quando nos disseram que o caso estava encerrado. A professora tem que ser afastada e investigada. Mas tudo o que a direção da escola fez até agora foi protegê-la. A diretora não quis nos receber antes para ganhar tempo até que o caso fosse encerrado sem ter investigação. A professora foi afastada por uns dias e voltou para a sala de aula ontem", disse.
Segundo Lousa, a mãe foi contatada pela investigadora do departamento logo após o ocorrido, mas como ela ainda não sabia que havia sido a professora que bateu em seu filho, e sem entender direito o inglês, disse que outra criança que poderia ter empurrado o Allan. Com isso, o departamento resolveu por encerrar o caso.
Agora, o caso foi reaberto e elas aguardam a investigação. "Vamos lutar até que a justiça seja feita. As crianças não podem ser agredidas e ficar por isso mesmo. Isso é crime! Imagina se acontece com outras crianças e essa professora fica impune", destaca Debora Lousa, acrescentando que o menino será transferido de escola.
O Gazeta News entrou em contato com a diretora da Hammock Pointe Elementary School para esclarecimentos e aguarda retorno.