A Flórida deu início a um plano de reprodução em larga escala de corais para recuperar seus recifes, gravemente afetados por ondas de calor marinhas recordes em 2023. O Florida Aquarium, em parceria com o Departamento de Proteção Ambiental do estado, vai produzir 5 mil corais juvenis e centenas de milhares de larvas nos próximos dois anos, dentro da Iniciativa de Restauração e Recuperação dos Recifes de Coral (FCR3).
O objetivo é repovoar os recifes das costas da Flórida e dos Keys, onde espécies fundamentais como o staghorn e o elkhorn foram quase dizimadas — restaram apenas 22% e 10%, respectivamente, após o aquecimento recorde das águas. Em contrapartida, os corais-cérebro cultivados em laboratório resistiram bem, levantando a hipótese de que os mais jovens sejam naturalmente mais fortes.
Os cientistas querem agora selecionar corais mais resistentes ao calor e às doenças, como a stony coral tissue loss disease, que desde 2014 vem devastando o Caribe. Para isso, adultos resgatados de áreas afetadas são induzidos a se reproduzir em tanques controlados, gerando larvas que depois são fixadas em recifes com cimento ou epóxi.
Atualmente, há tão poucos corais nos recifes da Flórida que a distância entre colônias impede a reprodução natural. Segundo a bióloga Keri O’Neil, coordenadora do programa, a reprodução em laboratório funciona como um “fio de esperança” para manter vivo o ecossistema. O projeto também prevê a distribuição dos corais a santuários marinhos e reservas do estado.
A iniciativa surge num cenário crítico: 84% dos recifes do mundo foram impactados pelo calor entre 2023 e 2025, e 44% das espécies construtoras de recifes já correm risco de extinção, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza.
Fonte: ABC

