"Cadê a vacina meu deus?", questionou Paulo Gustavo no dia 3 de março em uma publicação no Instagram, 10 dias antes de ser internado. Durante o ano todo da pandemia, o ator e humorista que morreu na terça (4) por complicações da covid-19, fez alertas sobre a doença.
No começo da pandemia no Brasil, em março do ano passado, ele tentou conscientizar seus mais de 16 milhões de seguidores na rede social, pedindo que as pessoas que pudessem ficassem em casa. Mais recentemente, escreveu sobre a crise aguda da pandemia em Manaus, onde faltou oxigênio para pacientes com covid-19, e fez apelos pela vacina contra o vírus no Brasil.
O post pedindo vacina foi ilustrado por capturas de tela de uma série de reportagens sobre o agravamento da pandemia no país. "Se liga na aglomeração gente! Sair de casa apenas quem precisa TRABALHAR!", escreveu ele.
As reportagens citadas por Paulo Gustavo falavam sobre a lotação de UTIs no Brasil, a necessidade de um lockdown, a maior transmissibilidade das novas variantes no país e sobre a mudança do perfil dos pacientes nas UTIs: pessoas mais jovens, entre 30 e 50 anos.
Mas a vacinação no Brasil engatinha ainda. Diferente dos EUA, não há postos de vacinação em massa e os estados seguem critérios de idades e comorbidades. Não chegou aos 50 anos ainda, enquanto os EUA já abriu para maiores de 16 anos.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou na quarta-feira (5) a ampliação da campanha de vacinação contra a Covid-19 no estado para novos grupos com comorbidades e deficiências, incluindo grávidas, puérperas e adultos com idade de 55 a 59 anos.
A campanha terá início na próxima terça-feira (11) com a vacinação de gestantes e puérperas. Somente mulheres grávidas acima de 18 anos, em qualquer idade gestacional, poderão ser vacinadas. Elas precisarão comprovar o estágio da gestação por meio de carteira de acompanhamento, pré-natal ou laudo médico.
Entre as puérperas, as mulheres também devem ter idade a partir de 18 anos, mas só poderão se vacinar se comparecerem aos postos de atendimento até 45 dias após o parto. As mães que deram à luz recentemente deverão apresentar a declaração de nascimento da criança para receber a vacina. Segundo o governo estadual, cerca de 100 mil mulheres serão vacinadas nesta nova etapa do Programa Estadual de Imunizações (PEI).
Até então, é o estado com vacinação mais avançada.
O Brasil continua em 56º lugar no ranking global da aplicação de doses da vacina contra a Covid-19 nesta terça-feira (4), considerando o número de doses a cada 100 habitantes. Entre os países que compõem o G20, grupo das 20 maiores economias do mundo, o país continua em 9º.
Segundo os dados atualizados pela Agência CNN, o Brasil aparece com 23,16 doses aplicadas a cada 100 habitantes. Os Estados Unidos lideram o ranking de doses aplicadas a cada 100 habitantes — 73,79. O Reino Unido está na segunda posição — com 73,78 doses aplicadas a cada 100 pessoas.
O Canadá (37,23) aparece na sequência, seguido pela Alemanha (35,98), Itália (35,00) e França (32,89). A Arábia Saudita se mantém no 7º lugar, com 28,03 doses da vacina contra a Covid-19 aplicadas — a cada 100 habitantes — seguida pela Turquia (27,62).
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse na quarta-feira, 5, que o plano do presidente Joe Biden de apoiar uma proposta de renúncia aos direitos de propriedade intelectual para impulsionar a produção global de vacinas foi um "momento monumental na luta contra Covid-19". Referência: CNN, G1 e BBC.
