O presidente Barack Obama vai esperar até depois das eleições parlamentares de novembro para tomar medidas sobre a reforma da imigração, cedendo à pressão dos democratas, que temiam que qualquer ação poderia acabar com as chances do partido, disseram oficiais da Casa Branca, no dia 6.
O anúncio foi feito um dia depois de Obama dizer a repórteres que estava revendo recomendações de membros do seu gabinete sobre ações de imigração que poderiam ser implementadas sem aprovação do Congresso, e que iria tomar medidas “muito em breve”.
A decisão fez com que o presidente voltasse atrás em seu prazo prometido, quando anunciou, no dia 30, de junho que usaria deu poder executivo para proteger famílias do risco da deportação até o final do verão.
“Por caída da extrema politização dos republicanos nessa questão, o presidente acredita que seria prejudicial à própria política e as perspectivas em longo prazo para a reforma abrangente da imigração anunciar ação administrativas antes das eleições”, disse um funcionário da Casa Branca. “Por querer fazer isso de uma maneira que seja sustentável, o presidente vai tomar medidas sobre a imigração antes do fim do ano”.
Grupos de ativistas de imigração acusaram Obama de estar fazendo jogo político em cima das famílias de imigrantes. “A última promessa do presidente foi mais um tapa na cara dos latinos e da comunidade imigrante”, disse Cristina Jimenez, diretora administrativa do United We Dream, de acordo com o “New York Times”.
Mas oficiais da Casa Branca afirmam que Obama está mais determinado do que nunca a agir, mas ele e seus principais conselheiros concluíram que um anúncio em relação à imigração antes das eleições poderá enfurecer conservadores por todo o país, possivelmente acabar com os esforços dos democratas de reter o controle do Senado e, permanentemente, acabar com qualquer esperança de progredir na questão.
Um conselheiro disse que se a imigração for considerada culpada pelos democratas perderem o domínio do Senado, o tema poderá se tornar o centro dos debates entre ambos os partidos.
“Eu irei agir, pois sei que é a coisa certa para o país”, disse Obama em uma entrevista para o programa da “NBC”, “Meet the Press”. “Mas será mais sustentável e efetivo se o público entender quais são os pontos, o que fizemos em relação às crianças desacompanhadas e por que é necessário”.
No dia 6, republicanos atacaram a decisão do presidente, acusando-o de tentar evitar que eleitores expressem sua opinião sobre seu plano de usar o poder executivo.
“A decisão de simplesmente adiar essa ação profunda que é possivelmente inconstitucional até depois das eleições – em vez de abandonar a ideia como um todo é puro jogo político”, disse o porta-voz da Câmara dos deputados, John Boehner.