O presidente Barack Obama está avaliando a possibilidade de adiar o prazo imposto por ele mesmo para fazer mudanças unilaterais nas leis de imigração dos Estados Unidos, conforme as eleições de 4 de novembro se aproximam. O presidente ainda deverá usar seu poder executivo este ano para oferecer proteção temporária de deportação e autorização de trabalho para, potencialmente, vários milhões de imigrantes indocumentados.
Mas, com o controle do Senado em jogo, as ramificações incertas de reformular a lei de imigração dos EUA têm estimulado a Casa Branca a reconsiderar o momento do seu anúncio. Revistas e jornais americanos, como “Time”, “USA Today” e “Bloomberg News” têm especulado, nas últimas semanas, o que e quando as mudanças serão anunciadas.
De acordo com o Bloomberg News, o secretário de imprensa da Casa Branca, Josh Earnest, disse a repórteres, no dia 2, que “Obama não fez nenhuma decisão ainda em relação a quando fará o anúncio. Existe a chance que aconteça no final do verão, assim como isso também pode acontecer depois”.
No dia 30 de junho, quase exatamente um ano depois de o Senado aprovar um projeto de reforma bipartidária do sistema de imigração dos EUA, Obama anunciou que havia instruído funcionários de gabinete para preparar relatórios aconselhando-o quais ordens executivas ele podia legalmente emitir para consertar um sistema quebrado por conta própria.
“Se o Congresso não vai fazer o seu trabalho, pelo menos nós podemos fazer o nosso”, disse Obama na ocasião.
Mas, pelo que parece, nos últimos dias, Obama voltou atrás em relação ao prazo imposto. Agora é uma questão aberta se a mudança virá antes do final do verão, no dia 22 de setembro.
Ativistas de imigração e assessores democratas, que têm pressionado Obama a usar sua autoridade executiva, dizem que temem que a Casa Branca espere até depois das eleições para agir. “Parece que estamos perdendo a discussão”, disse um ativista de imigração que se encontrou com Obama neste verão.
ELEIÇÕES
Por causa da temporada eleitoral, estrategistas de campanha temem que um movimento para conceder isenção de deportação antes de novembro poderá colocar em perigo a reeleição de alguns candidatos vulneráveis ao Senado, e por isso têm pressionado a Casa Branca para adiar pelo menos até meados de novembro o anúncio da decisão.Mas não importa o momento, Obama ainda pretende remodelar unilateralmente a lei de imigração na ausência de ação do Congresso. “O presidente está determinado a agir”, Earnest disse no dia 2. “Isso não mudou e não vai mudar”.
QUAIS AÇÕES OBAMA ESTÁ CONSIDERANDO?
Os planos exatos de Obama são desconhecidos. Mas ele está pensando em usar sua autoridade executiva para conceder autorizações de trabalho e alívio de deportação para vários milhões de imigrantes indocumentados, talvez por meio de um programa de expansão do Deferred Action for Childhood Arrivals, de 2012 (DACA). Obama também pode decidir reformar as prioridades de aplicação de lei de imigração, bem como oferecer proteções especiais para grupos específicos de trabalhadores.POSSÍVEIS IMPACTOS POLÍTICOS
Estrategistas da campanha Democrata e alguns funcionários da Casa Branca acreditam que tomar a ação executiva sobre a imigração prejudicaria senadores democratas que estão lutando para afastar adversários em estados conservadores como Arkansas, Luisiâna, Alaska e Carolina do Norte. O controle do Senado pode depender do resultado desses estados, já que os republicanos dependem de ganhar seis dos 100 lugares para retomar controle do Senado.