A obesidade já é considerada uma epidemia pela Organização Mundial de Saúde. E pior: não são apenas os adultos que figuram nessa estatística. Cada vez é maior o número de crianças que estão muito acima do peso.
É verdade que, hoje em dia, é muito difícil resistir à tentação do shopping, à uma tarde na frente da TV ou do vi-deogame, rodeada de tentações, àquele pacote de salgadinhos, ao sanduíche do MC Donald’s, à batata frita, ao refri-gerante, etc. Mais difícil ainda nesse dia-a-dia corrido, é arranjar tempo para manter uma atividade física regular e uma alimentação saudável.
O resultado disso, para algumas pessoas, significa muitos quilos a mais, e uma série de complicações de saúde. Mas a obesidade não é exclusiva de jovens e adultos. A criançada também tem sofrido cada vez mais com esse problema, que já é considerado pela Organização Mundial de Saúde como uma epidemia. Se não for tratada, a obesidade infantil pode tornar-se uma tremenda dor de cabeça na idade adulta.
Mas afinal, o que é a obesidade? De acordo com o Consenso Latino-Americano em Obesidade, trata-se de uma enfermi-dade crônica, caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura em tal proporção que acaba comprometendo a saúde.
Entre as complicações mais comuns decorrentes do excesso de peso, estão alterações osteomusculares, colesterol alto, hipertensão arterial, diabetes, e até mesmo o aumento do risco de câncer.
Inúmeros especialistas afirmam que a obesidade não tem cura. O que há, segundo eles, é o controle da doença ao longo da vida, com a mudança de hábitos de vida – através da reeducação alimentar e da adoção de atividades físicas regulares.
Um problema crescente
Nas últimas duas décadas, a obesidade infantil tem crescido na maior parte do mundo. No Brasil, por exemplo, há um dado curioso: há mais pessoas obesas do que subnutridas. E esse índice tem se mostrado crescente. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, nos anos 80 as crianças representavam apenas 3% dos obesos. Atualmente, elas representam mais de 15%.
Outra pesquisa realizada pela Organização Panamericana de Saúde, mostra que a obesidade infantil no Brasil cresceu nada menos do que 240% nos últimos 20 anos. As estimativas apontam que entre 20% e 25% das crianças e dos adolescentes sofrem de obesidade ou sobrepeso.
Entre as justificativas estão o sedentarismo (que impede que a criança queime as calorias ingeridas), a má alimentação e o alto consumo de produtos industrializados.
Nos Estados Unidos, especialistas estimam que pelo menos 15% das crianças e jovens, entre 6 e 19 anos, estão acima do peso e que outros 15% estão sob risco de ficar acima do peso. Dois terços destas crianças acima do peso vão tornar-se adultos acima do peso.
De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, crianças e jovens entre 12 e 19 anos negros não-hispânicos e mexicanos-americanos têm mais tendência a sobrepeso (24%) do que adolescentes brancos não-hispânicos (13%).
Da mesma forma, mexicanos-americanos com idades entre 6 e 11 anos, têm mais tendência a sobrepeso (24%) do que crianças negras não-hispânicas (20%), e não-hispânicos brancos (12%).
Tal pai, tal filho
A genética também tem culpa no cartório. Crianças filhas de pais obesos têm 80% de chances de desenvolver a doença. Sendo apenas o pai ou a mãe obesos, as chances caem pela metade: 40%. Porém, se nenhum dos dois for obeso, ainda há 15% de chance. Então, é preciso que os pais entrem em ação e participem da reeducação alimentar dos filhos, controlando o valor calórico ingerido e adotando uma dieta extremamente equilibrada, sempre em função das necessidades diárias.
A criança tem, necessariamente, que perder peso. Se houver uma diminuição da curva de ganho de peso, o crescimento fará com que ela deixe de ser obesa, explicam os especialistas.
Mas não pense que o controle da obesidade só deve começar quando a criança estiver passando dos limites de peso. Na verdade, ele deve ter início nos primeiros meses de vida, pois já nessa época os hábitos alimentares vão se formando. É importante estimular as crianças a comer lentamente, em pouca quantidade, oferecer alimentos de melhor qualidade e separar as refeições de outras atividades, como ficar na frente do computador ou da televisão, por exemplo.
O primeiro ano de vida é determinante para a alimentação infantil.
Estudos indicam que crianças amamentadas no seio têm menor tendência a engordar. Por isso, é preciso alimentá-las com leite materno em intervalos de três em três horas. Depois dos seis meses, o leite deve ser complementado com papinhas e sucos sem açúcar.
Especialistas recomendam ainda que, a partir do quarto ou sexto mês de vida, a criança já tenha uma alimentação colorida, variada e rica em sabores. Nessa fase, é preciso estabelecer horários fixos para refeições, criando uma rotina para a criança. Aliás, ela precisa comer várias vezes ao dia. São recomendadas seis refeições diárias.
Os lanchinhos entre as refeições evitam que elas abusem das calorias e das gorduras na hora do almoço e do jantar e, conseqüentemente, que ganhem peso. Porém, é preciso atentar para o cardápio. Nada de doces, frituras, refrigerantes, sucos artificiais e outras guloseimas. Frutas, leites, cereais e pães são uma ótima pedida, pois alimentam e não comprometem a saúde.
De acordo com a AOA, os pais norte-americanos, aparentemente, subestimam os riscos do excesso de peso para as crianças, e a dificuldade de adotar e manter mudanças de hábitos relacionadas à prevenção da obesidade.
Pesquisa realizada pela American Obesity Association – AOA - (Associação Americana de Obesidade) mostra que os pais são os mais importantes modelos para os filhos. O estudo constata que:
– Quase 30% dos pais mostraram-se muito preocupados com o peso de seus filhos.
– 12% dos pais consideraram seus fi-lhos acima do peso.
– Comparando os próprios hábitos de infância com os dos filhos, 27% dos pais consideram que seus filhos comem alimentos menos nutritivos, e 24% afirmaram que seus filhos são fisicamente menos ativos.
– 35% dos pais qualificaram a educação escolar dos filhos sobre hábitos alimentares e atividades físicas para prevenir a obesidade como “fraca”, “inexistente”, ou não souberam responder.
O controle da família
O comportamento dos pais também deve servir de exemplo para a garotada. Não adianta dizer ao filho que determinados alimentos não fazem bem à saúde e depois consumi-los diante dele. Se for ne-cessária uma mudança radical no cardápio da criança, o ideal é a família toda acompanhar o processo. E há outros fatores a observar: a comida nunca deve ser oferecida como recompensa. A disciplina alimentar poderá ser quebrada nos finais de semana, e em ocasiões especiais. Entretando, é importante que os pais saibam quais são os alimentos menos calóricos para oferecer a seus filhos. Dar ênfase aos alimentos que ela pode consumir, ao invés dos que ela não pode, é uma medida importante.
É preciso malhar
Já que as chances de vencer a obesidade ficam mais difícieis à medida que o indivíduo cresce, podendo diminuir até 80% se o problema persiste na idade adulta, o melhor a fazer é prevenir. Não só cuidado da alimentação, mas também do condicionamento físico, com a prática freqüente de atividades físicas. Exercícios promovem o bem-estar e aumentam a auto-estima. Eles devem ser aeróbicos e estimulados de acordo com a preferência da criança. Com essa nova rotina, não vai haver gordura que resista.
A AOA recomenda, entre outras medidas, que os pais busquem reduzir o tempo das crianças diante da televisão ou do vídeogame, estimulem o interesse dos filhos pela prática de novos, distribuam tarefas domésticas que envolvam atividade física, como por exemplo, aspirar a casa, lavar o carro, limpar as janelas, etc., criem o hábito de praticar atividades conjuntas como andar de bicicleta juntos todos os sábados, caminhar na praia aos domingos, etc.
O que comer
De acordo com a nutricionista paulistana Sylvia Elisabeth Sanner, para que a criança tenha uma alimentação equilibrada, é recomendável que consuma, pelo menos, um alimento de cada um dos três grupos abaixo, em cada refeição:
- Reguladores: frutas, verduras e legumes. São as fontes de vitaminas, minerais e fibras;
- Energéticos: cereais, pães, macarrão, batata, mandioca, farinhas, etc. Estes são as fontes de carboidrato, que fornecem energia ao organismo.
- Construtores: são ricos em proteínas, cálcio e ferro e compreendem as carnes de vaca e frango, peixes, ovos, leite e derivados e as leguminosas como os feijões, ervilha, lentilha, grão-de-bico, soja, etc.
Os 10 piores alimentos para crianças
A consultora de nutrição da Philadelphia, Mona Sutnick , especialista em dietas infantis, relacionou os dez principais alimentos considerados menos saudáveis e que maior teor de gordura contêm. Confira a seguir, e saiba como evitar que as crianças adquiram, desde cedo, maus hábitos alimentares:
1 – Chicken Nuggets – Qualquer fast food empanado e frito está sempre ensopado de gordura, por mais que pareça sequinho. Os Nuggets e os molhos que os acompanham têm também uma taxa elevada de sódio, que contribui para o aumento da pressão arterial, geralmente em adultos. Não deixe que seus filhos acostumem-se a alimentos com elevado teor de sal.
2 – Chips – Dar ao seu filho chips uma vez ou outra não há problema, mas tenha em mente que os salgadinhos de batata, milho e queijo são feitos basicamente de gordura e sódio e calorias.
3 – Dônuts – A maioria está repleta de gordura saturada e ácidos gordurosos. Em média os dônuts também têm de 200 a 300 calorias e pouquíssimos nutrientes.
4 – Batatas fritas – Lamentavelmente, as batatas fritas são o vegetal mais popular nos EUA, e as crianças adoram. As fritas, no entanto, têm quantidade elevadíssima de gordura, e pouquíssimas vitaminas.
5 – Barras de frutas (fruit leather) – A maioria delas tem pequena quantidade de frutas, fibras, e vitaminas e grande quantidade de açúcar. Sirva frutas frescas ao invés.
6 – Hot Dogs – Cachorros quentes tem alto teor de gordura (13 gramas ou mais por porção), grande quantidade de sódio e não oferecem muitas proteínas. Sirva muito ocasionalmente, e procure as marcas com baixa gordura. Experimente os de peru.
7 – Refrescos com sabor de fruta – A maioria não tem mais do que 10% de suco. O restante é água e adoçante. Não se deixe enganar por aquelas marcas que oferecem 100% de suco. A maioria dos nutrientes é removidano processo de industrialização.
8 – Comidas prontas – São certamente convenientes, mas a maioria tende a ter elevado nível de gordura saturada e de sódio (alguns têm mais de 1,2 miligramas, chegando a quase a metade do máximo recomendado por dia), e grandes quantidades de açúcar. A maioria também é desbalanceada nutricionalmente, porque não contém frutas ou vegetais.
9 – Refrigerantes – As crianças norte-americanas bebem mais refrigerantes hoje em dia do que nunca. Uma latinha de refrigerante contém cerca de 10 colheres de chá de açúcar, que pode contribuir para obesidade e prejudicar os dentes. Crianças que bebem refrigerantes ao invés de leite também estão reduzindo a concentração de cálcio nos ossos.
10 – Doces folheados – (ou as Toaster Pastries) – Contém grande quantidade de gordura e quase nenhuma fruta. Ao invés, prefira fazer uma torrada e servir com geléia.