O mineiro Guilherme Palhares Cardoso, 44 anos, foi piloto de motocross e enduro por 13 anos no Brasil (de 1980 a 1993), sendo nos últimos nove anos dentro do esporte piloto profissional da Honda, quando colecionou muitos títulos estaduais e nacionais.
Quase vinte anos depois, hoje vivendo em Parkland, no sul da Fló
rida, Cardoso volta ao esporte, mas não sozinho, agora acompanhado dos três filhos: Daniel, 25, Christian, 15, e Matheus, 13.
A paixão pela velocidade sobre duas rodas está no sangue da família e tem falado mais alto do que as dificuldades financeiras para se manter num esporte de alto custo e sem nenhum patrocínio. “Justamente por falta de recurso, eles começaram tarde, há cerca de dois anos e por ins
istência e paixão”, conta o pai, orgulhoso.
E foi como podiam que eles iniciaram no esporte, treinando todos os sábados. “Daniel (25 anos) queria uma moto, mas para que não comprássemos uma street (moto de rua), decidimos então comprar uma cross 250cc. Para Christian (15 anos), ainda mais apaixonado pelo esporte e
que sonha em ser profissional, tivemos que comprar uma menos potente, 85cc cross, e outra ainda menos potente para o Matheus (13 anos)”.
O pai voltou à prática para “brincar”, bem como para incentivar e dar instruções aos filhos nos treinos. Mas, na hora das provas, quando torna-se expectador, é “emoção pura”. “A adrenalina corre nas veias, uma mistura de medo, nervosismo, apreensão, alívio e alegria”, diz ele.
Toda a tensão é justificável. Em outubro de 2012, o filho mais velho, Daniel, corria quando, coincidentemente, a supertempestade Sandy passava pela costa americana. “Com os ventos fortes soprando na pista de motocross de Miami, ele perdeu o controle e para não se machucar, saltou da moto em um duplo, porém, no ar, logo atrás dele, vinham outras duas motos, que capotaram com ele”, lembra Cardoso. Daniel se feriu gravemente e foi levado de helicóptero para o hospital. “Graças ao milagre de Deus ele se recuperou totalmente”.
Mas o susto não intimidou Daniel e seus irmãos. Em janeiro, ele retornou as pistas e, em fevereiro, entrou para a primeira competição de sua carreira como piloto, junto com o irmão do meio, que hoje também corre com uma 250cc e tem sido seu maior rival.
“A competição fica no braço, com a mesma coragem e ousadia. O Daniel é muito responsável e sabe que precisa ir para o trabalho e college no outro dia, já o Christian não tem essa cabeça, quer apenas vencer”, descreve o pai.
Nas últimas duas corridas, os dois irmãos lutaram pelas primeiras posições ‘curva a curva’, com trocas de olhares o tempo todo e muita admiração do público. A disputa acirrada tem rendido as ótimas posições no campeonato, com Chistian em segundo lugar e Daniel em terceiro. Já o pequeno Matheus, segue o mesmo caminho. “Matheus começou a se apaixonar pelo esporte agora, em breve daremos uma moto melhor para ele também”.
E como fica o coração de mãe, nessas horas? “Ela se apaixonou por um piloto e precisou se acostumar com essa loucura desde o nosso namoro”, responde Cardoso.
Mas, muito além da rivalidade, os pais tentam passar outra mensagem aos meninos. “Que agradeçam sempre a Deus pela oportunidade de brincarem/competirem e estarem vivos e com saúde. Que amem e respeitem a todos. Que a vida é o bem mais importante. Que ajudem os outros e Deus mesmo os ajudará dentro e fora das pistas. E que tudo passa: sucesso, dinheiro, problemas, etc, somente o bom nome, a boa amizade, o bom caráter e o bom exemplo ficam”, completa o pai.
Para assistir um dos vídeos dos irmãos competindo, acesse: http://www.youtube.com/watch?v=cj6daakjULQ.