A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) disse que as declarações do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, "defendendo se chocam aos princípios americanos e mundiais.
Em um nota publicada pela mídia pouco depois do discurso de Bush, na quarta-feira(6), a entidade diz que o presidente usou "eufemismos" para tentar justificar "métodos de interrogação" que incluem tratamento extremamente abusivo dos direitos humanos.
Bush defendeu um programa da CIA, a agência de inteligência americana, para interrogar suspeitos de extremismo considerados importantes, dizendo que eles são uma fonte de informação vital.
Kenneth Roth, diretor-executivo da HRW, acusou a CIA de usar tortura contra os prisioneiros. "Apesar de o presidente negar veementemente, os Estados Unidos já usaram métodos como a simulação de afogamento, que só podem ser chamados de tortura", afirmou.
Na nota também manifesta a preocupação com o futuro do programa de prisões da CIA.
"Apesar de o anúncio da transferência de 14 prisioneiros para custódia militar ser um passo importante - que a Human Rights Watch vinha pedindo há muito tempo -, o ato é limitado pela intenção já declarada pelo presidente de deixar a porta aberta para futuras detenções realizadas pela CIA", diz o texto.
Prisões no exterior
Nesta quarta-feira(6), Bush admitiu pela primeira vez que a CIA tem prisões no exterior - uma questão que criou tensão com alguns aliados europeus dos Estados Unidos.
Durante entrevista feita à BBC, o senador suíço Dick Marty, que investigou o assunto para o Conselho da Europa, disse esperar que o anúncio de Bush leve a um governo mais aberto e transparente.
"Estou satisfeito em ver que finalmente, apesar de um pouco tarde, a Casa Branca reconheceu a existência dessas prisões", afirmou. "Também estou contente em saber que esse programa dúbio da CIA está prestes a acabar."
"Espero que o governo americano, agora que começou a contar parte da verdade, acabe revelando toda a verdade. Uma democracia tão forte e prestigiada como a dos Estados Unidos tem uma obrigação para com seus cidadãos", disse Marty.