Um levantamento realizado pela organização não–governamental de jornalistas, Pro Publica, aponta que aproximadamente 1,5 mil americanos morreram, no período de 2001 à 2010, por intoxicação após consumo de paracetamol, princípio ativo do Tylenol.
O problema não é a substância em si, mas a superdosagem, cujo limite não é muito difícil de se atingir e, se ultrapassado, pode afetar gravemente o fígado. Também é arriscada a combinação com álcool. Nos EUA, assim como no Brasil, é vendido sem prescrição médica, e o consumo cresce a cada ano.
Só nos últimos cinco anos, a venda de unidades (caixas ou cartelas) do remédio - mais conhecido como tylenol, mas também em versões genéricas atingiu R$ 3,8 bilhões em 2012, nos Estados Unidos, segundo o Information Resources Inc, e as doses passaram de 27 bilhões em 2009.
Por conta desses números, a FDA, agência reguladora de medicamentos, vem ao longo do tempo e das pressões sociais adotando uma série de medidas. A partir de 2014, a dose máxima permitida de um comprimido será de 325 miligramas (mg). No “extra forte”, de 500 mg, a dose máxima diária foi de 4g para 3g, ou seja, seis comprimidos.
No Brasil, a atual recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), continua sendo de 4g, sendo a maior concentração vendida de 750 mg.
O consumo excessivo do medicamento é principal causa da insuficiência hepática fulminante, ou seja, o fígado para de funcionar. Neste caso, há a necessidade de transplante. A intoxicação por paracetamol nos EUA é, por sinal, a maior indicação desta cirurgia, com quase 800 casos nos últimos 15 anos.
Segundo especialistas, o risco de intoxicação em dose acima de 8g é de quase 100%. Entre 3g e 8g, depende de outros aspectos, como o consumo de álcool ou de outros medicamentos, como anticoagulantes e alguns tipos de anticonvulsivos.
O álcool compromete o fígado, da mesma forma que pode fazer o paracetamol. Por isso, quem bebe com muita frequência deve ter cuidado. Assim como deve ser evitado para curar ressaca.
Embora o paracetamol seja considerado seguro pelas organizações de saúde, alguns estudos sugerem que até em doses recomendadas ele pode ser perigoso. A própria FDA afirmou recentemente que o seu uso está associado a raras, mas sérias, reações de pele, conhecidas por síndrome de Stevens-Johnson. Além disso, a revista “Pediatrics” publicou que a substância pode provocar asma em crianças. E o “British Journal of Clinical Pharmacology” sugere que o abuso ao longo do tempo “pode ser fatal”.
Os sintomas, em geral, surgem quatro horas depois da superdosagem, com vômito, náusea, dor de cabeça e suor. Depois de 24 horas, há convulsões e a piora do quadro. Em 72 horas, com a destruição do fígado, o organismo não metaboliza mais a amônia, que se acumula no corpo, o que pode provocar morte cerebral. O prazo para reverter a intoxicação é de 24 horas, e o antídoto é a substância N-acetilcisteína.
As informações são do "O Globo".

