A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos autorizou na quinta-feira(14) a construção de uma cerca ao longo de regiões da fronteira com o México, numa votação que críticos afirmam, tem mais a ver com a política de ano eleitoral do que com a contenção da imigração.
A Câmara aprovou o projeto republicano por 283 votos favoráveis a 138 contrários. A proposta pede a construção de uma cerca de por volta de 1.126 quilômetros ao longo da fronteira com o México, que é de 3.200 quilômetros.
Opositores democratas disseram que a medida tem o objetivo de ajudar os republicanos nas eleições legislativas de 7 de novembro.
“Isso serve para marcar pontos políticos que serão usados em demagogia em anúncios de 30 segundos”, disse o representante Steny Hoyer, um democrata de Maryland.
O presidente norte-americano, George W. Bush, defende uma legislação mais inclusiva e um programa de convite a trabalhadores. Ele falou sobre isso em encontro com republicanos da Casa no Congresso na quinta-feira.
Mas a questão divide os republicanos. Muitos acreditam que o projeto, que veio do Senado, daria anistia a pessoas que violaram as leis norte-americanas e argumentam que seria difícil aprovar uma ampla lei sobre imigração neste ano.
Os líderes da Casa pretendem, em vez disso, aprovar uma série de medidas de segurança de fronteira antes de os parlamentares deixarem o Congresso para fazerem campanha eleitoral.
Em maio, os senadores já tinham aprovado um projeto de reforma migratória mais amplo - proposto pelo presidente George W. Bush -, mas a maioria republicana da Casa está dividida sobre a construção da cerca.
A versão de Bush incluía a concessão de vistos temporários para que estrangeiros pudessem trabalhar nos EUA. Mas esse projeto mais amplo - que tinha o apoio de grupos de defesa dos direitos de imigrantes ilegais - não passou na votação na Câmara, no domingo(10).
O ministro de Relações Exteriores do México, Luis Ernesto Derbez qualificou de “infeliz” o avanço da aprovação da construção da cerca. “Essa proposta não é a solução e os que a propõem não podem tratar do problema dos imigrantes como terrorismo”, declarou.
Derbez afirmou que a solução dessa questão só se dará pela cooperação entre os dois países. “Não há cerca ou muro que possa impedir o cruzamento da fronteira”, disse.
“Projetos como esse não vão fazer nada para parar o fluxo de indocumentados que entram nos EUA”, disse Flávia Jiménez, analista de políticas migratórias do Conselho Nacional de la Raza, organização que defende a melhoria das condições de vida da comunidade hispânica. Ela acredita que tais iniciativas “vão incrementar a criminalidade”. Ela acredita que, com isso, os imigrantes vão ainda mais “contratar coiotes para cruzar a fronteira”.