Policias locais e estaduais estão recebendo treinamento da agência federal de imigrações, a fim de investigar e deter imigrantes ilegais
Alguns departamentos de polícia estatais e locais dos Estados Unidos estão começando a aplicar com firmeza as leis de imigração deixando de lado sua tradicional política de “não pergunte, não fale” com os imigrantes ilegais, observou a edição de quarta-feira (22) do jornal Washington Post.
No condado de Mecklenburg, na Carolina do Norte, a polícia local prendeu e colocou em processo de deportação cerca de 1.200 pessoas desde abril.
“Alguns foram acusados de cometer crimes violentos, outros infrações de trânsito”, informou o jornal.
Angeles Ortega, diretora da Coalizão Latino-americana de Charlotte, capital da Carolina do Norte, disse ao Post que a situação está ficando “tensa, muito tensa”.
A diretora apontou que recentemente “todos queriam os latino-americanos, e ainda diziam “agradavam mais que os negros”. Mas agora são como o grande lobo mau”.
Guadalupe Lara, imigrante mexicana de 18 anos presa por um policial depois de comprar cigarros porque tinha uma lata de cerveja aberta em seu carro, contou que 90% dos presos são latino-americanos.
“A polícia está procurando problemas com os latinos. Sabem que não temos carteiras de motorista”, acrescentou Lara, que está em processo de deportação.
As autoridades locais justificam sua política. “O Texas, Nova York e a Califórnia talvez possam receber grandes números de imigrantes ilegais, mas nós não”, disse Bill James, comissário de Mecklenburg.
Além da polícia de Mecklenburg, meia dúzia de agências policiais locais e estatais começaram a aplicar esta política, e outras agências policiais estão recebendo treinamento da agência federal de imigrações, acrescentou o jornal norte-americano.
A câmara de Deputados do Congresso federal anunciou no começo do mês sua intenção de aprovar uma medida permitindo que polícias locais apliquem as leis de imigração.
O país está dividido quanto à imigração. Entre deputados, a maioria é a favor de endurecer as leis contra os imigrantes ilegais, enquanto o Senado aprovou uma iniciativa para regularizar a maioria das 12 milhões de pessoas que vivem nessa situação.
As diferenças entre ambas câmaras travaram a reforma migratória. Alguns analistas afirmam que a reforma também foi prejudicada pela proximidade das eleições legislativas do dia 7 de novembro, onde a retórica anti-imigrante parece ser a que conta com mais simpatia entre os cidadãos norte-americanos, especialmente no sul.