Níveis elevados de poluição estão reduzindo o número de bebês do sexo masculino e também podem estar ligados a aumentos na incidência de abortos naturais, de acordo com uma pesquisa feita pela Universidade de São Paulo (USP).
As conclusões foram apresentadas na reunião da Sociedade Americana para Medicina Reprodutiva, em Montreal, no Canadá.
Os autores do estudo compararam o número de meninos e meninas nascidos em áreas da capital paulista onde os níveis de poluição são altos.
Eles encontraram quase 1,2 mil garotos a menos nas áreas mais poluídas – uma diferença de 1,7%.
Ratos
Os cientistas também realizaram estudos controlados com ratos.
Quando ratos machos eram expostos a níveis elevados de poluição, nasciam muito mais filhotes do sexo feminino.
Em outro experimento, os pesquisadores descobriram que ratas expostas a mais poluição apresentavam um risco maior de ter abortos naturais do que as que respiravam um ar mais limpo.
"A poluição responde por alguns defeitos genéticos que tornam estes fetos inviáveis", diz Jorge Hallack, da USP, um dos autores do estudo.
"Outra hipótese é que a poluição afeta a placenta dos ratos."
Os cientistas suspeitam que elementos químicos poluentes podem danificar o esperma.
Mais experiências estão sendo promovidos para determinar a causa exata dos índices mais elevados de abortos naturais.
Mas pesquisadores estão preocupados com a possibilidade de que a poluição do ar esteja afetando seriamente a fertilidade humana.