O sistema psíquico funciona como um sistema de encanamento: nos dois o conteúdo deve poder fluir. Se houver algo que fica parado, este algo vai criar pressão interna, e se nada for feito, as consequências negativas serão inevitáveis. No encanamento o que circula é água. Na psique o que circula é libido, ou energia psíquica, cuja principal forma de manifestação são as emoções.
Um dos recursos que pessoas nessa condição adotam para aguentar esse nível de ansiedade e continuar evitando seus conteúdos interiores é o uso de drogas. As drogas fazem baixar a percepção da tensão interna. A tensão continua, mas a pessoa não a percebe. É literalmente como um anestésico que se infiltra entre a consciência do ego e a psique, uma almofadinha que sufoca a clareza de percepção do ego de modo que este possa continuar não sentindo e não vendo.
Esse recurso, entretanto, tem validade somente imediata. Passando o efeito, a pessoa vai se sentir mais fraca ainda, o que a leva a consumir mais drogas para manter o efeito analgésico. E a ansiedade irá aumentar.
Toda vez que fugimos de algo que nos angustia ou amedronta estamos dando a nós mesmos uma declaração de incompetência. Psicologicamente falando, nos sentimos derrotados. O que leva a pessoa a se refugiar nas drogas para fugir de mais um motivo de ansiedade: a percepção de sua incompetência em ficar de pé sozinha sem muletas artificiais. No plano físico, a droga envenena o corpo. No plano relacional e social, polui até as relações mais queridas. E assim se engendra a assustadora bola de neve do vício.
Há verdades que se teme saber, há sentimentos que se teme sentir, há desejos e necessidades das quais se foge. A terapia é o principal instrumento para desenvolver força interior e clareza mental para enfrentar os conteúdos interiores. O processo terapêutico promove o desenvolvimento de sujeitos adultos e responsáveis, capazes de dar sua contribuição positiva ao mundo, começando com sua família.

