Como se consegue uma boa história de crédito? Basta pegar um financiamento no banco, ou um cartão de crédito, e pagar em dia.
Pois é. Conseguir crédito neste país é como tentar conseguir o primeiro emprego no Brasil. Não se consegue emprego sem experiência, e não se consegue crédito sem história de crédito.
Existem entre 20 milhões e 25 milhões de pessoas vivendo nos EUA sem nenhum tipo de crédito. Outros 30 milhões a 35 milhões têm muito pouca história de crédito. Ou seja, existem mais ou menos 60 milhões de pessoas, quase 1/5 de toda população, com problemas para ter acesso ao sistema de crédito nos EUA.
Os imigrantes são considerados o segundo maior grupo de “sem-crédito” do país. O primeiro são os estudantes. E a vida custa mais caro quando não se tem acesso a crédito. Das duas uma, ou se espera para comprar à vista, ou paga-se taxas de juros muito altas para comprar parcelado em algum local que assuma o risco de financiar algo para um “sem-crédito”.
Mas existem formas de quebrar este círculo vicioso. A primeira é entrar em uma credit union. Por causa do relacionamento estabelecido, fica mais fácil conseguir ajuda para acessar o sistema tradicional de crédito, e até mesmo receber informações sobre como entrar no jogo do crédito.
Outra excelente opção é conseguir um cartão de crédito seguro. Você se candidata em um banco a um cartão, e faz um depósito que será igual ao limite do seu cartão. Aquele valor não poderá ser sacado de sua conta, como forma de garantia. Você usará o cartão de crédito normalmente, e somente você e o banco saberão que ele é um cartão garantido. Nem mesmo as agências de crédito serão informadas. Quando você já tiver uma história de crédito suficiente, o banco lhe oferecerá um cartão sem garantia. Mas para isso você terá que pagar suas contas direitinho, em dia.
Também é possível começar uma história de crédito pedindo a um parente ou ao companheiro(a), que tenha uma boa história de crédito, que inclua você como usuário autorizado no cartão dele(a). Essa é uma solução um pouco mais demorada, mas igualmente eficiente.
Se você tem alguma história de crédito, mas pequena, é possível “comprar” algum score. É o que se chama de expansão de pontuação (expansion score). Empresas como a FICO, por exemplo, oferecem este serviço que consiste em incorporar informações adicionais ao seu histórico, que normalmente não seriam reportadas ao seu histórico de crédito, tais como a compra de um livro, o pagamento da mensalidade de um clube, etc.
Uma empresa relativamente nova no mercado, oferece um serviço voltado para quem tem pouca história de crédito. Competidora da FICO, a VantageScore também reúne informações das três agências de crédito e mantém scores que variam de 500 a 990. “Pessoas sem crédito representam um amplo segmento de nossa sociedade, e há risco de que elas não estejam sendo julgadas de forma justa”, disse Curtis Arnol, fundador da empresa.
Os problemas de um crédito ruim
A maioria das pessoas já sabe que uma baixa pontuação de crédito significa um valor mais alto de prestação do imóvel e elevadas taxas de cartão de crédito. Mas pouca gente entende que há inúmeras outras formas nas quais uma baixa pontuação de crédito pode aumentar os custos na vida de uma pessoa.
Coisas que você precisa saber sobre credit report:
1 – É assustador, mas com exceção dos casos de consulta para emprego, ning
uém precisa de sua autorização para saber de seu crédito.
2 – No crédito, como na vida, os extremos nunca são bons, e o equilíbrio é fundamental. É verdade, dizem os especialistas, que ter pelo menos dois ou três diferentes créditos ativos comprovam que determinada pessoa tem condições de gerir suas finanças de maneira responsável. Por outro lado, aproveitar a temporada de férias e enviar propostas para cinco cartões diferentes, provavelmente resultará em uma queda de seu score, afirma Craig Watts, relações públicas da Fair Isaac Corp., empresa que desenvolveu o sistema FICO de avaliação de crédito, que compara as avaliações e scores feitos pelos três bureaus de crédito do país.
3 – Checar o próprio crédito não necessariamente diminui seus pontos. Os bureaus de crédito fazem distinção entre o que chamam consultas “soft” e “hard”. Quando um funcionário do Target ligar para checar o seu crédito antes de aprovar o seu cartão de crédito, essa é considerada uma consulta “hard”, e conta negativamente para o seu score. Mas consultas pessoais, se feitas corretamente, são consideradas “soft”, e não refletem negativamente em sua avaliação. Mas atenção, alertam os especialistas: é necessário consultar diretamente um dos três bureaus de crédito para que a consulta seja considerada “soft”, ou a FICO.
4 – Todos os credit reports são diferentes. Os três bureaus de crédito – Equifax, Experian e TransUnion – são empresas separadas, que atualizam seus dados de forma diferente, e com velocidade diferente. “Eu nunca vi um cliente cujos três históricos tivessem exatamente a mesma informação e os mesmos scores.
5 – O divórcio não separa automaticamente o crédito. “Nós vemos muitas pessoas que, após um ano ou dois de divórcio têm seu crédito prejudicado por causa de dívidas não pagas do ex-cônjuge”, diz Maxine Sweet, vice-presidente de relações públicas da Experian. Ela explica que, em caso de divórcio, ambos têm que cancelar contas, cartões de crédito e financiamentos, e que a decisão tem que ter o consentimento de ambos. Em alguns casos, o credor pode recusar-se a tirar uma das partes do financiamento, caso a parte que quiser assumir a dívida não tenha estabilidade financeira suficiente para assumi-la sozinha.
Consertando erros:
Embora não seja você quem envie as informações aos bureaus de crédito, e sim os seus credores, você é a pessoa responsável pela exatidão das informações sobre sua vida financeira, contida em cada um dos relatórios dos três bureaus de crédito. É estranho, mas é assim que funciona.
As estatísticas mostram que aproximadamente 70% de todos os relatórios de crédito contêm pelo menos um erro. Esses erros, muitas vezes, podem fazem com que você seja recusado em um financiamento, ou receba uma taxa de juros elevada no cartão de crédito. Na verdade, não é difícil livrar-se dos erros, dizem os especialistas. Só gasta seu tempo e sua paciência.
A primeira coisa a fazer é comunicar imediatamente qualquer erro verificado, por menor que seja.
Se encontrar um erro, envie uma carta separada para cada uma das agências onde o erro foi verificado. Explique detalhadamente a situação e inclua uma cópia do credit report com a informação errada sublinhada. Qualquer erro tem que ser investigado pela agência de crédito junto ao credor que forneceu a informação, e será retificado, caso o credor confirme o erro. Se você discordar do resultado da investigação, você pode registrar em sua ficha de crédito junto à agência o seu lado da história, que aparecerá toda vez que alguém pedir o seu credit report.
A lei define como erros:
- O registro de uma conta que você não fez, ou uma compra feita por alguém não autorizado a utilizar a sua conta;
- Uma compra feita por alguém não devidamente identificado na cobrança, ou a cobrança de valor não correspondente ao valor efetivamente gasto, ou uma compra registrada em valor diferente da real data da compra;
- Uma cobrança de algo que você não aceitou receber, ou que não foi entregue conforme contratado ou combinado.
Também são considerados erros:
- Erros aritiméticos;
- Um pagamento feito ou um crédito que não conste em sua conta;
- Não envio de cobrança para o seu atual endereço, caso você tenha informado o credor sobre uma mudança de endereço pelo menos 20 dias antes do vencimento da conta;
- Ítens questionáveis, ou qualquer informação ou valor que não esteja claro na cobrança.
A partir do momento em que você reclamar um erro em seu credit report, nenhuma informação prejudicial ao seu crédito pode ser liberada para nenhum credor ou agência de crédito até que o assunto seja esclarecido.
O que exatamente é um bom crédito?
Isso depende de quem vai responder à sua pergunta. Diferentes oferecedores de crédito (bancos, cartões de crédito, empresas de mortgage, etc.) dão importância diferente aos vários aspectos envolvidos na avaliação de crédito. E é inútil tentar adivinhar o critério de cada um. Alguns consideram fundamental o tempo de trabalho, ou a renda, outros querem saber se você tem um telefone em seu nome, ou se o seu carro e casa são próprio ou alugados. O que legalmente eles não podem levar em consideração é: sexo, raça, etnia, ou idade (caso esteja acima dos 65 anos). Confira abaixo o critério utilizado pela FICO, e aplicado pela maioria das empresas de mortgage:
- Histórico de pagamentos – 35%
- Percentual de endividamento 30%
- Há quanto tempo você tem uma história de crédito 15%
- Esforços recentes para conseguir mais crédito 10%
- Tipos de crédito que você usa/outros fatores 10%
Embora haja variação, os especialistas afirmam que com um avaliação entre 720 e 850, é possível conseguir um financiamento de imóvel no valor de $200 mil, em prazo de 30 anos, com taxa de 5,922%, o que resultaria em um pagamento mensal de $1.189. Com um score entre 675 e 699, seria possível conseguir uma taxa de 6,584% e uma prestação mensal de $1.275. Um score entre 620 e 674 pode conseguir uma taxa de 7,734% e pagar uma prestação mensal de $1.431.
Para scores entre 560 e 619 a taxa prevista, segundo especialistas, seria de 8,531% e mensalidade de $1.542. “Quando se trata de financiamento de imóveis,cartões de crédito, e empréstimo pessoal, quanto maior o score, menor a taxa de juros a ser paga”, conclui Barry Paperno, gerente de crédito da Fair Isaac, criadora do sistema FICO.
Onde o MAU crédito atrapalha:
FINANCIAMENTO DE AUTOMÓVEIS:
De acordo com estudo nacional realizado em 2002 pela empresa de pesquisas Conning & Co., 92% das grandes empresas de seguros de automóveis do país utilizam o credit score dos clientes para calcular a prestação do seguro. Algumas apenas o utilizam para o cálculo inicial, outras checam o histórico de crédito de seus clientes a cada três anos. As apólices para seguro de imóveis também seguem o mesmo critério.
Em 2004, a Federação de Consumidores da América (Consumer Federation of America – CFA) anunciou que estudo feito junto à American Honda Finance Corporation revelou que as concessionárias Honda cobram taxas de financiamento diferentes, de acordo com o histórico de crédito do cliente, que podem variar em até 3,5 pontos percentuais. Nas concessionárias GM e na Ford a variação, de acordo com a General Motors Acceptance Corporation e com a Ford Motor Credit Corporation, a variação chega a 2,5 pontos percentuais.
Pessoas com baixo crédito, em geral, pagam taxas de juros entre 18% e 26% em uma nova compra, em comparação à média de 6% a 7%. No entanto, a encarregada de aconselhamento ao cliente do Citizens Bank, em Green Bay, Wisconsin, Jeanne Wolf, afirma que tem visto uma diferença de até 10 pontos em financiamentos de veículos aprovados por ela, dependendo do histórico de crédito. “Está tudo relacionado ao cálculo de risco feito pelas empresas que oferecem o financiamento”, explica.
Hoje em dia, 70% das empresas checam o histórico de seus futuros empregados, diz Doug Borkowski, conselheiro financeiro da Iowa State University. Segundo ele, as grandes empresas têm maior tendência a fazer este tipo de checagem do que as pequenas. Trish Lynch, especialista financeira da Clear Point Financial Solutions em Richmond, Virginia, afirma que a preocupação é que problemas de crédito em casa criem tensões e distração no trabalho. “Se você é empregado de uma empresa, vai receber ligações de cobradores no trabalho?”, questiona Lynch.
De acordo com a CFA, apenas 48% dos consumidores tem conhecimento disso, mas é fato que que proprietários de imóveis, em geral, rejeitam inquilinos com baixa pontuação de crédito.
Apenas 30% dos americanos sabem, segundo pesquisa da CFA, mas empresas que fornecem serviços públicos também preocupam-se com o seu crédito. Um baixo crédito, ou crédito ruim podem surpreender você com uma exigência de depósito de $500 antes da instalação de seu telefone, ou de ligação da luz em sua nova casa, afirma Lynch.
A própria especialista em finanças afirma ter passado por tal situação. Foi a um consultório marcar uma cirurgia de miopia a laser, e o médico imediatamente puxou seu credit score para ver se ela poderia fazer o pagamento em parcelas, ou se seria cobrada à vista. O mesmo, segundo Lynch aconteceu em um ortodontista.
De acordo com pesquisa da CFA, 52% de seus entrevistados acreditam que um casal tem um credit score conjunto. Negativo. “Você não livra-se do mau crédito, por exemplo, casando-se com alguém que tem bom crédito”, diz a autora do livro “The Complete Credit Repair Kit” (Kit Completo para Reparação de Crédito), Brette Mc Whorter Sember.
Ela explica, por exemplo, que se o proprietário de um imóvel financiado morre, o imóvel e a dívida ficam para o Estado, e que se o cônjuge quiser manter o imóvel e continuar pagando, terá que entrar no processo de qualificação de crédito.