O combate ao tráfico de drogas e à entrada ilegal de armas no Brasil tem que estar previstos em uma política de Estado integrada, que tenha a inteligência como característica fundamental do trabalho. A avaliação é do relator da Comissão Parlamentar de Inquérito do Tráfico de Armas, deputado Paulo Pimenta (PT-RS). “Este é o único caminho que se observa como eficiente para ser percorrido pela sociedade brasileira”, afirmou em entrevista ao Programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional.
O parlamentar disse que é possível haver ligações entre as organizações criminosas de São Paulo e do Rio de Janeiro, porque os fornecedores, os caminhos percorridos e a forma de fazer com que estes produtos sejam adquiridos de maneira clandestina, comprovam uma estratégia semelhante.
“Os criminosos brasileiros foragidos de uma ou outra organização normalmente, têm encontrado abrigo e proteção no Paraguai, Colômbia ou na Bolívia. Isso evidentemente levou a modus operandi (formas de agir) semelhantes. Precisamos pensar o combate ao crime organizado não como uma ação individual de uma ou outra polícia”, afirmou.
Para o relator, a CPI conseguiu desenvolver um trabalho inédito no Brasil, identificando que houve a migração de rotas. Segundo ele, até pouco tempo atrás, havia aeronaves que entravam de maneira clandestina no Brasil, principalmente, vindas da Bolívia, da Colômbia e do Paraguai. O deputado revelou as armas, munição e drogas que entravam ilegalmente no país, na maioria das vezes, eram trazidas nesses aviões.
Pimenta lembrou que a chamada Lei do Abate, que permite às autoridades brasileiras interceptar e até mesmo derribar aviões que transitem no espaço aéreo brasileiro sem identificação, obrigou mudanças na estratégia dos criminosos. Segundo ele, a maior parte das armas e da munição que entram hoje no Brasil é pela fronteira com o Paraguai.
“Isso fez com que os criminosos mudassem a estratégia e passassem a usar a via terrestre, fundamentalmente, aproveitando as facilidades de uma fronteira seca de 1.700 quilômetros do Brasil com o Paraguai”.
O deputado revelou que esse é o mesmo caminho percorrido pela droga. “A matéria prima da cocaína ou mesmo a grande produção da maconha do Paraguai (chega ao país) utilizando a mesma logística. Os criminosos brasileiros muitos deles acabaram migrando para fazer bases no Paraguai e até mesmo, já comprovadamente, na Bolívia e na Colômbia”.
Para o deputado, essa logística acaba propiciando a ação integrada entre os criminosos, muitas vezes utilizando a droga e as armas como moeda de troca para que a aquisição de uma outra mercadoria. Isso é comprovado, a ponto de que, a última apreensão no Paraguai ter revelado um grande arsenal que tinha como destino São Paulo”.
Agência Brasil