A produção nos EUA deve continuar em ritmo acelerado a longo prazo, o que permite aumentos nos salários dos americanos sem provocar pressões inflacionárias, é o que avaliou nesta quinta-feira(31) o presidente do Federal Reserve (Fed, o BC americano), Ben Bernanke.
"O forte crescimento de produtividade da era pós-1995 deve continuar por algum tempo", disse Bernanke.
Entre os anos de 1995 e 2005, a produtividade norte-americana registrou aumento de aproximadamente 2% ao ano, destacou o presidente do Fed, enquanto entre o início da década de 70 até 1995, a média de produtividade no país foi de 1% ao ano.
Bernanke avalia também que investimentos expressivos em computadores e outros equipamentos que ampliam a capacidade de produção tiveram papel importante no crescimento da produtividade. Fatores como concorrência entre empresas e flexibilidade na contratação e demissão de trabalhadores também contribuíram, segundo Bernanke.
"Poucos empregos deixaram de ser afetados, de alguma forma, pelas mudanças tecnológicas dos últimos anos, tendência que certamente irá continuar", disse. "Temos uma força de trabalho que se sente confortável com as novas tecnologias", disse, e acrescentou que é preciso que os trabalhadores se atualizem suas habilidades.
Desquecimento
Apesar do otimismo de Bernanke sobre o desempenho da produtividade no longo prazo, no curto prazo o cenário é menos favorável. No segundo trimestre deste ano, a produtividade teve desaceleração acentuada, com uma expansão de apenas 1,1%, contra os 4,3% registrados no primeiro trimestre.
Além disso, o custo por unidade de trabalho teve alta de 4,2% (dado anualizado), alta expressiva, se comparada à do primeiro anterior, quando a expansão foi de 2,5%, e a maior também desde os 5,1% do período entre outubro e dezembro de 2004.
Juros
Bernanke, como sempre em seus pronunciamentos públicos, não fez comentários sobre o rumo futuro da taxa de juros no país.
O banco elevou sua taxa de juros 17 vezes consecutivas, entre junho de 2004 e junho deste ano, de 1% à época para os atuais 5,25%. Na reunião de política monetária deste mês, o banco manteve a taxa.
A pausa no ciclo de altas dos juros se deu devido ao temor do banco de um "aperto excessivo" na economia. "O efeito pleno dos aumentos anteriores na taxa de juros sobre a atividade e os preços provavelmente não foram sentidos ainda, e uma pausa foi vista como apropriada para limitar os riscos de um aperto excessivo", diz a ata da reunião, divulgada nesta semana.
A próxima reunião do banco está programada para o dia 20 de setembro.