É comum usarmos esse espaço aqui para falar de denúncias, fraudes, e o papel do jornalista nessas horas. Mas, nessa edição, temos motivos de sobra para nos orgulharmos das conquistas dos brasileiros no sul da Flórida.
Na última semana, divulgamos aqui um novo passo dado por professores de português e simpatizantes da causa da propagação da cultura brasileira, para expandir um prestigioso programa de ensino bilíngue português-inglês para escolas públicas dos condados de Broward e Palm Beach.
Esse projeto segue o modelo da escola Ada Merrit, em Miami, e outras conquistas alcançadas com as escolas públicas de Miami-Dade. Essa semana, o jornal local “Sun Sentinel” deu destaque à importância do Brasil e brasileiros nesse projeto de expansão do ensino do português no sul da Flórida, em matéria que publicamos na página 22. Nós dedicamos esse espaço para falar não só da repercussão desse projeto na mídia local, mas também sobre a dimensão que os esforços de também imigrantes, que se dedicam a uma causa e colhem muitos frutos, como no caso desses professores de português. Isso não só coloca os brasileiros que vivem no sul da Flórida em evidência, como também incentiva pessoas com projetos similares a irem em frente. Esta edição está cheia de exemplos.
Um deles, é o caso do carioca Alexandre Lopes, um professor da rede de escolas públicas do condado de Miami-Dade, que desenvolveu seu próprio método de ensino para crianças com necessidades especiais, na Carol City Elementary. Alexandre já havia recebido um prêmio como o professor do ano em Miami-Dade, mas foi surpreendido – e surpreendeu – com um novo prêmio ainda mais prestigioso: o de melhor professor das escolas públicas do estado da Flórida, recebendo o título de embaixador da educação. Veja matéria na página 22.
Outro caso admirável é o de Gisela Tacao, também carioca, que foi percebendo, em Miami, a sua vocação maior para cuidar de animais que ninguém quer: aleijados, caolhos, cegos, velhinhos, doentes... Ela foi resgatando um, outro, depois outro, e isso foi tomando maiores proporções. Hoje ela tem um canil, o Gigi’s Rescue, que vive de doações. Vale a pena conhecer sua história, na página 18, e quem sabe mais pessoas se envolvam em sua causa.
Histórias como essas e muitas outras são um exemplo de que não é só a quantidade de brasileiros que vivem, gastam e visitam a região que importa. O que realmente faz a diferença é a qualidade dessas pessoas e profissionais. Todos nós sabemos o quanto é gratificante, depois de anos em um país como imigrantes, onde começamos do zero, muitas vezes, “fazer acontecer”. Isso lembra aquela frase do cineasta francês Jean Cocteau, “Sem saber que era impossível, ele foi lá e fez”.
Quantas vezes, como imigrantes, ouvimos palavras como “difícil”, “impossível” ou mesmo “não pode”? Mesmo assim, eles foram lá e realizaram. Vale sempre o exemplo.
Mudando um pouco o assunto, vale reforçar a importância das matérias de imigração desta semana. Na última edição, publicamos sobre os novos passos do Brasil e EUA em relação a isenção de vistos, mas a secretária de Segurança Interna americana, Janet Napolitano, alerta, em matéria da página 26, que isso ainda deve demorar.

