Tem gente que se diverte ou se sente “vingado” com a revelação dos recentes escândalos envolvendo funcionários da Imigração norte-americana acusados dos mais variados níveis de corrupção, chegando ao clímax do funcionário que estava facilitando a concessão de green card em troca de específico ato de sexo oral.
Piadas à parte, pelo menos uma renovada constatação me parece importante e até salutar de ser reafirmada: somos todos humanos.
As ações criminosas desses funcionários da Imigração (esta não é uma denúncia isolada, e já houve até um caso de estupro) condenáveis sob quaisquer pontos de vista, escancaram para a nem sempre bem informada população norte-americana, o quão iguais todos somos, seres humanos, tenhamos nascido nas tribos famintas de Darfur ou nos palácios à beira-mar de Palm Beach.
“Pequenês”
Lembro de já ter dito que, na minha opinião o primeiro, ato de corrupção teria sido cometido por Adão, ao aceitar o “suborno” da serpente e trair o compromisso com Deus.
E não estou dizendo isso por acreditar implicitamente nessa versão da gênese bíblica e sim usando essa figura de retórica para exemplificar a inegável “pequenês” e fragilidade desse ser humano.
Ser humano que se vê perdido na civilização magnífica e caótica, progressista e altamente imperfeita e injusta que ele mesmo criou. Que inventou países, cercas, cidadanias e fronteiras para “proteger” suas riquezas materiais e, hoje, se vê aturdido pela incapacidade de mudar pacificamente esse anacrônico “statu quo”.
Maluquice
O ser humano ainda mata por um pedaço de terra. Mata por um par de tênis, um objeto de consumo vulgar e tolo. Negocia com o sonho de uma vida (o sonho do papel, da legalidade) em troca de um prazer sexual de 30, 60 segundos.
Que tipo de maluqice passa pela cabeça de um funcionário da Imigração para chantagear uma mulher e forçá-la a praticar, contra a sua vontade, um ato sexual em troca do sonhado green card?
Que todos os “Freuds” de plantão se apresentem.
Por outro lado, esses episódios são positivos (ou a denúncia deles), se vistos sob o prisma dos milhões de imigrantes indocumentados que seguem sendo humilhados, torturados e marginalizados por um sistema que prefere tapar o sol com a peneira do que honrar sua própria história e promover uma Anistia.
E explico porque: a sociedade norte-americana, altamente dependente dos “factóides de cada noite em frente à TV” , certamente sofre o impacto dessa degenerecência. Certamente muitos refletirão sobre o estado bizarro em que a questão imigratória nos Estados Unidos está atingindo. Por pura e simples falta de coragem política.
Parece que ninguém quer servir o país. Ninguém quer assumir a defesa corajosa do que precisa ser feito. Todos querem apenas garantir seus cargos, suas mordomias e seu lugarzinho medíocre na história desta terra.
É por isso que eu, mesmo sempre tendo uma histórica simpatia pelo Partido Democrata, fico cada vez mais desconfiado que McCain possa ser menos ruim para os imigrantes ilegais do que Obama ou Hillary.
Não que nenhum dos três tenha tido coragem suficiente para dizer em alto e bom som à América: “não há como deportar 14 milhões de pessoas. Vamos legalizá-los. É esta a decisão correta, ética, legítima e única viável”.
Cadê a coragem?
Enquanto isso, os sexos orais da vida vão substituindo os processos legais normais de otenção da residência na América. Nada disso me surpreende. Mas tenho certeza que milhões de cidadãos norte-americanos, de boa fé, boa índole e fiéis aos princípios da pátria, estão chocadíssimos.

